A Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) inicia novas séries de concertos, nesta quarta-feira (30), quando estreia a ‘Série Carybé’, assim denominada em homenagem ao artista plástico argentino, naturalizado brasileiro, que viveu na Bahia dos anos 50 até a morte (1997), e completaria 100 anos em 2011. Voltada para o repertório de música de câmara, a série terá a primeira edição na Sala do Coro do Teatro Castro Alves (TCA), às 20h, com ingresso (inteira) a R$ 20.

As novas séries de concertos da Osba também homenagearão outros nomes da cultura baiana. Os concertos realizados às quartas e quintas-feiras serão denominados, respectivamente, ‘Série Jorge Amado’ e ‘Série Glauber Rocha’, e irão destacar as principais obras e solistas da temporada em concertos realizados às 20h30 na Sala Principal do TCA.

Já as apresentações em igrejas integrarão a ‘Série Manuel Inácio da Costa’, considerado o maior escultor barroco da Bahia, que viveu entre os séculos 18 e 19. Segundo o novo diretor artístico da Osba, maestro Carlos Prazeres, trata-se de uma homenagem a um “gênio esquecido”.

De acordo com ele, nesta série as principais obras de Bach, Mozart e Haydn “vão conviver com a música do padre José Maurício, Sigismund Neukomm e de outros ícones do barroco brasileiro, estabelecendo contraponto com a música de Astor Piazzolla, Arvo Pärt, Ernani Aguiar, Guerra-Peixe e outros artistas modernos”.

As datas para a estreia destas séries já estão definidas. A ‘Jorge Amado’ começará no dia 7 de abril, a ‘Manuel Inácio da Costa’, no dia 10 (na Igreja Santa Clara do Desterro, em Nazaré) e a ‘Glauber Rocha’, no dia 18 de maio – a Osba também incrementará os Concertos Didáticos dirigidos a crianças e jovens dos ensinos fundamental e médio, com apresentações em datas a serem definidas.

Mais próxima da população

Além de referenciar ícones da cultura baiana, os títulos das novas séries sintetizam a proposta do maestro Carlos Prazeres de promover maior aproximação da Orquestra Sinfônica da Bahia com a população. A presença de compositores brasileiros, principalmente baianos, como Lindembergue Cardoso e o suíço radicado na Bahia, entre 1956 e 1990, Ernst Widmer, será de fundamental importância neste processo. “Uma interação maior entre os ícones populares da cultura musical baiana e a Osba também será primordial”, destaca Prazeres.

De acordo com o maestro Carlos Prazeres, “homenageando este ícone da cultura baiana, que tem alguns de seus painéis expostos no próprio Teatro Castro Alves, a ‘Série Carybé’ traz para o público o melhor do repertório camerístico, aproveitando o propício ambiente da Sala do Coro, e se expandindo aos principais museus e outras áreas de importância cultural”.

A série mescla o repertório barroco, clássico e contemporâneo, “o que exige flexibilidade maior da orquestra para atuar em diferentes situações musicais”, lembra o maestro.

Apresentação em pequenos grupos

Na ‘Série Carybé’, os músicos se apresentarão em pequenos grupos num programa formado por obras como ‘Serenata nº. 2 para quinteto de sopros e trompete’, de H. Sutermeister, interpretada pelo maestro Carlos Prazeres (oboé), juntamente com Lucas Robatto (flauta), Pedro Robatto (clarineta), Claudia Sales (fagote), Josely Saldanha (trompa) e Heinz Karl Schwebel (trompete).

O roteiro inclui ainda ‘Serenata op. 46 para violino, violoncelo, clarineta, fagote e trompete’, de A. Casela, executada por Samuel Dias (violino), Suzana Kato (violoncelo), Pedro Robatto (clarineta), Claudia Sales (fagote) e Heinz Karl Schwebel (trompete), além de ‘La Revue de Cuisine, suite H.161 para violino, violoncelo, clarineta, fagote, trompete e piano’, de B. Martinu, com interpretação de Pedro Robatto (clarineta), Claudia Sales (fagote), Samuel Dias (violino), Suzana Kato (violoncelo), Heinz Karl Schwebel (trompete) e Eduardo Torres (piano).

Novo diretor

O novo diretor artístico da Osba, o carioca Carlos Prazeres, que substituiu o pianista Ricardo Castro, foi regente assistente da Orquestra Petrobras Sinfônica (Opes) no Rio de Janeiro, e já dividiu o palco com artistas como Antonio Meneses, Rosana Lamosa, Fábio Zanon, Augustin Dumay, Wagner Tiso, João Bosco, Ivan Lins, Stanley Jordan, Milton Nascimento, entre outros.

Na condição de maestro convidado, Carlos Prazeres tem dirigido importantes conjuntos sinfônicos como a Orchestre National des Pays de la Loire, na França, Orquestra Cherubini e Orquestra Internacional do Festival de Riva del Garda, na Itália, Youth Orchestra of the Americas, Junge Philharmonie Salzburg, Filarmônica de Buenos Aires, Filarmônica de Montevideo, Filarmônica de Bogotá, Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), entre outras.

Prazeres graduou-se em oboé na UNI-Rio e foi bolsista da Fundação Vitae durante os estudos de pós-graduação na Academia da Orquestra Filarmônica de Berlim (Fundação Karajan). Ele desempenhou a função de oboísta solista junto à Barock Orchester Berlim, Orquestra Petrobras Sinfônica, Orquestra Sinfônica Brasileira e Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.