O Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba) completou 17 anos este mês reafirmando seu papel de disseminador de conhecimentos na área. Em menos de duas décadas de atividade, o Centro capacitou profissionais de 73% dos municípios baianos “e se tornou referência na Bahia, em âmbito nacional e internacional”, como afirma a diretora do serviço, endocrinologista Reine Fonseca.

A qualidade do trabalho prestado pelo Centro é reconhecida por Roosevelt da Silva, 42 anos, um dos 60 mil pacientes cadastrados, que já foram atendidos ou estão em fase de acompanhamento no Cedeba. Submetido há seis meses a uma cirurgia bariátrica, no Hospital Espanhol, ele perdeu 33 quilos e continua tendo assistência na unidade.

Antes da cirurgia, Roosevelt foi acompanhado pelos profissionais do Núcleo de Obesidade do Cedeba durante um ano. Ele afirma que foi bem preparado para a cirurgia, inclusive do ponto de vista psicológico. O atendimento multidisciplinar no Cedeba é “tão completo que até sugestões de receitas para o cardápio recebo”, garante.

Os números dos serviços prestados pelo Cedeba merecem destaque. A assistência farmacêutica, por exemplo, no ano passado foi responsável pela dispensação de 741.259 medicamentos excepcionais, 3.171.573 milhões de unidades de remédios da farmácia especial e 2.371 análogos de insulina. E o laboratório realizou 74.868 procedimentos, enquanto os diversos núcleos e ambulatórios fizeram 86.856 consultas e 272.205 procedimentos.

Em 2010 o Cedeba empreendeu várias ações como a implementação do Projeto de Capacitação e Educação em Diabetes (Proced). Este projeto permitiu levar a cinco estados brasileiros e dois países africanos de língua portuguesa a experiência na capacitação de profissionais de atenção básica para assistência ao diabetes, que conquistou o apoio de entidades internacionais, a exemplo da World Diabetes Foundation/WDF (Fundação Mundial de Diabetes) para a expansão do conteúdo programático do Proced, com previsão de início este ano.

A diretora Reine Chaves ressalta o apoio técnico do Cedeba para o desenvolvimento do Programa Medicamento em Casa, possibilitando a capacitação de profissionais dos municípios envolvidos. “Destacamos também a consolidação do Cedeba como centro de referência para assistência ao diabetes, pois estamos em processo de certificação como o 1º centro brasileiro, o 3º latino-americano e o 24º no mundo reconhecido oficialmente como centro colaborador pela Organização Mundial da Saúde (OMS)”, diz.

Unidade de média complexidade

Referência na assistência a portadores de hipertensão arterial, diabetes e outras endocrinopatias, o Cedeba é uma unidade de média complexidade da rede estadual de saúde. Inaugurada em 24 de março de 1994, num espaço anexo ao Hospital Roberto Santos, foi transferido para a primeira sede própria, no Rio Vermelho, em 1997. Por conta da demanda crescente de serviços, foi necessário ampliar a área física, passando a ocupar, em 2002, instalações no Centro de Atenção à Saúde Professor José Maria de Magalhães Netto (CAS).

Com cerca de mil atendimentos diários, o Centro tem por missão prestar assistência especializada, com equipe multidisciplinar, em diabetes, endocrinologia e hipertensão arterial sistêmica à população referenciada, capacitar recursos humanos, assessorar a organização de serviços de saúde e desenvolver pesquisas em benefício da coletividade.

Em 2008, o Cedeba deu o passo inicial para se tornar o primeiro serviço do país considerado centro colaborador da OMS na capacitação e treinamento de profissionais para a atenção a diabetes, com a realização do 1º módulo do Proced. Por meio do projeto, o Centro investe na capacitação de gestores e profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) de sete estados brasileiros e dois países de língua portuguesa para atenção a diabetes.

No ano de 2009, aconteceu o segundo módulo do Proced numa parceria com a Organização Panamericana de Saúde (Opas). Em paralelo, foi realizada a I Oficina Nacional de Formação de Tutores de Educação em Saúde voltada para o autocuidado em diabetes, numa ação que beneficiou 100 profissionais de todo o país indicados pelo Ministério da Saúde.

Já no ano passado, a Bahia foi escolhida pela World Diabetes Fundation (WDF) para sediar a Conferência sobre Diabetes para a América Latina, o Diabets Summit for Latin America, considerado o maior evento da área na América Latina. A conferência reuniu ministros da saúde e autoridades em diabetes de 34 países. Na ocasião, o Cedeba recebeu 18 portadores de diabetes matriculados no centro, 49 jornalistas estrangeiros e dez da Bahia. A estratégia do encontro foi entrevistar os pacientes quanto ao estilo de vida e expectativas futuras, além de mostrar o perfil de atendimento do centro.

Entre as realizações do Cedeba em 2010, também se destacam a mudança na estrutura da unidade para adequá-la ao perfil assistencial, a melhoria no registro da informação, com a informatização do Serviço de Arquivo Médico e Estatística (Same) e do setor de faturamento, a criação da home page, além da reforma, climatização e reaparelhamento da unidade.

O Centro também realizou o Mutirão de Cirurgia Bariátrica, com atendimento a 583 pacientes, aprovou o Programa de Residência Médica em Endocrinologia pela Comissão Nacional de Residência Médica, implantou o Ambulatório de Nefrologia, ampliou o acesso às consultas médicas e o ingresso de novos profissionais, possibilitando o aumento na produção de serviços.

Programa de Residência Médica

Este ano o Cedeba iniciou uma nova atividade, a Residência Médica, programa de treinamento em serviço na área de endocrinologia, feito no momento por duas residentes aprovadas no Concurso Unificado do Sistema Único de Saúde (SUS) da Bahia e que consagra mais uma unidade do SUS na formação de endocrinologistas.

A unidade também se destacou no ‘What’s new in diabetes’, publicação do Internacional Diabetes Center (IDC), com sede em Mineápolis (EUA). A chefe operacional do IDC, Ellie Strok, citou o Cedeba como referência na assistência e na capacitação de profissionais.

Entre os projetos para este ano constam implementação do processo permanente de educação continuada, adequação da infraestrutura física, equipamentos e informática, certificação como centro colaborador da OMS, descentralização das ações para as macrorregiões, entre outras ações.