Após uma semana de negociações com representantes do Governo do Estado, as lideranças do Movimento Sem Terra (MST) foram recebidas pelo governador Jaques Wagner, nesta terça-feira (19). A reunião aconteceu por volta das 11h, na sede da Governadoria, no Centro Administrativo da Bahia (CAB).

O desenvolvimento da agricultura familiar no estado e o Plano de Inclusão Produtiva empreendido pela Secretaria de Agricultura (Seagri) foram alguns dos assuntos tratados. Segundo o secretário da pasta, Eduardo Salles, estes temas são de relevância permanente para as políticas públicas estaduais, pois a Bahia possui o maior número de famílias – 665 mil – que vivem da agricultura familiar no Brasil, das quais 60 mil integram o MST.

“A prioridade do governo é que a gente consiga fazer os assentamentos, e os agricultores familiares tenham produtividade semelhante à dos agricultores empresariais. Para isso, precisamos viabilizar projetos em conjunto que garantam infraestrutura básica e beneficiem a agricultura familiar como um todo”, afirmou o secretário.

De acordo com ele, estes projetos são amplos e envolvem as demais secretariais para a efetividade e agilidade nas ações. “Foi isso que discutimos e apresentamos hoje, e o MST tem aceitado bem a proposta do governo de não mais fazer ações pontuais, mas projetos de iniciativa conjunta”.

As negociações contínuas permitiram avanços no diálogo entre o MST e o Governo do Estado para o cumprimento das demandas do movimento, conforme pontuou o líder do MST na Bahia, Márcio Matos. “São diversas ações do ponto de vista da infraestrutura dos assentamentos, como assistência técnica e apoio à produção, e da educação no campo que foram acordadas hoje. Outra sinalização importante é o apoio do governador, que vai nos apoiar junto ao governo federal para discutirmos os problemas das famílias acampadas na Bahia”.

Melhor forma de negociação

Depois da reunião, o governador falou diretamente com os integrantes do MST, concentrados em frente ao prédio da Governadoria. Para Wagner, receber as lideranças do movimento é um processo natural dentro do sistema democrático. “Eu entendo que democracia é um jogo de dois lados da mesma moeda: é pressão e negociação. Acho legítimo que as pessoas venham demandar melhores condições para trabalhar e sobreviver. São vários os movimentos e a melhor forma de negociar é esta, receber a pauta de reivindicações, negociar e dizer o que é possível fazer, pois não vou ficar prometendo o que eu não posso fazer. Afinal, é preciso criar uma relação de confiança”, disse.

O governador ressaltou ainda a importância da organização social em movimentos de interesses comuns para facilitar as negociações e atender as prioridades possíveis. “Antes os que se organizam em movimento para tentar sair da miséria, pela via do trabalho, do que aqueles que se organizam em quadrilha de traficantes e saem da miséria infelicitando a população com a venda de drogas. Não tenho dúvida de que, muitas vezes, é a desilusão com o caminho do bem, que leva ao caminho do mal. Então prefiro recepcionar quem ainda está procurando o caminho do bem e do trabalho para sobreviver, do que mandar a polícia correr atrás de marginal”.