Uma delegação composta por empresários e representantes do governo da República Popular da China virá à Bahia, de 8 a 15 de maio, com a finalidade de verificar que o estado é livre de Mofo Azul – a praga afeta a cultura do fumo – e autorizar a exportação de charutos para a China.

Este é um dos resultados da Missão Baiana à Ásia, coordenada pelo secretário estadual da Agricultura, Eduardo Salles, que retorna a Salvador na madrugada deste sábado (16). Essa conquista foi anunciada quinta-feira (14) durante reunião da Câmara Setorial do Charuto, em solenidade aberta pelo superintendente de Desenvolvimento Agropecuário da Seagri, Raimundo Sampaio, no Hotel Catussaba, em Salvador.

Ele representou o secretário Eduardo Salles no encontro e destacou a importância do projeto ‘Rota do Charuto’, uma ação de ‘agroturismo’ destinada a atrair visitantes para o Recôncavo, tendo como destaque a produção dos charutos de qualidade internacional.

Segundo o presidente do Sindicato da Indústria do Tabaco do Estado da Bahia (Sinditabaco), Ricardo Becker, “o charuto não vicia, não é tragado nem possui produto químico em sua formulação. Mesmo assim, sofre preconceitos e sanções tributárias”.

A Bahia hoje exporta 97% da produção de folhas de fumo, principalmente para países da Europa como Holanda e Alemanha. No ano passado, de acordo com o IBGE, o estado produziu 6.147 toneladas numa área de 5.879 hectares, ocupando a 5ª posição no ranking do país.

Recuperação da cultura

A reabilitação da cultura do fumo no Recôncavo baiano, recuperando milhares de empregos perdidos com a desativação de fábricas de charuto na região, é o objetivo do movimento integrado pelo Ministério da Agricultura (Mapa), Secretaria da Agricultura (Seagri), prefeituras municipais do Recôncavo, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e produtores.

Hoje a produção é de cinco milhões de charutos/ano, concentrada em oito municípios (Cruz das Almas, Muritiba, São Félix, Cachoeira, Paraguaçu, Conceição do Almeida, Simões Filho e Salvador). Com liberação da exportação para a China, a expectativa é que a produção aumente 100%, fortalecendo a cultura do fumo para charutos, criando empregos e recuperando a economia de toda região.

No auge da produção (décadas de 60 a 80), eram fabricados 200 milhões de charutos/ano. Hoje a cultura do fumo emprega 12 mil pessoas, incluindo agricultores familiares. Nas indústrias de charuto, predomina a mão de obra feminina.

Estado livre do mofo azul

No final de janeiro deste ano, Eduardo Salles, o secretário executivo e o diretor de Defesa Vegetal do Ministério da Agricultura, respectivamente Francisco Jardim e Cosam Coutinho, estiveram na China em missão de trabalho. Eles entregaram ao vice-ministro da Agricultura da China, Wei Chuanzhong, os documentos comprobatórios de que a Bahia é estado livre do Mofo Azul.

A Bahia é o primeiro estado a ser caracterizado como livre do Mofo Azul. A Secretaria da Agricultura, via Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), desenvolveu no ano passado intenso trabalho em campo delimitando procedimentos para caracterizar como livre da praga áreas em mais de 20 municípios produtores, totalizando 1.736 hectares plantados.

Em atendimento às exigências do Ministério da Agricultura, foram coletadas amostras em 10% das 2.326 propriedades produtoras de tabaco, e o material foi enviado a laboratórios no Rio Grande do Sul. Com o resultado negativo para a presença do fungo ‘Peronospora Tabacina’, a Adab encaminhou a proposta de caracterização de área livre do Mofo Azul ao Mapa, que emitiu parecer favorável.