Responsável pela política para a preservação e difusão dos bens culturais da Bahia, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), vinculado à Secretaria de Cultura do Estado (Secult), inicia, até final deste mês, exposições itinerantes por municípios da Chapada Diamantina. Serão cerca de 50 itens, entre fotografias, objetos, documentos antigos e painéis sobre pinturas rupestres. A mostra percorrerá municípios da região expondo resultados das oficinas de Educação Patrimonial que o órgão realizou entre julho e outubro do ano passado, na Chapada.

Na primeira etapa serão beneficiados os municípios de Wagner, Iraquara, Seabra, Morro do Chapéu, Palmeiras e Lençóis. A iniciativa integra o programa de Educação Patrimonial que o Ipac realiza desde 2007 em várias áreas do estado. Durante quatro anos, cerca de 10 mil pessoas de diversas cidades baianas participaram das oficinas, cursos, palestras, seminários, fóruns, exibições de vídeo, percursos históricos e visitas guiadas promovidas pelo Ipac. As ações beneficiaram seis territórios que reúnem mais de 100 municípios baianos.

“Nas oficinas promovemos releitura da história das comunidades, fortalecimento da identidade cultural e resgate de valores coletivos de autoafirmação, por meio dos itens culturais de cada município”, afirma a coordenadora de Educação Patrimonial do instituto, Ednalva Queiroz. Ela enfatiza que as atividades valorizam tradições, saberes e fazeres desses locais.

Durante as oficinas foram oferecidos cursos de fotografia, com equipe de fotógrafos do Ipac, conservação de objetos e papéis, e documentação fotográfica da subgerência de Bens Móveis do instituto, e sobre sítios de pinturas rupestres via parceria do Ipac com o Departamento de Arqueologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Dentre os documentos antigos expostos estarão o jornal O Século, de 1945, a bíblia Horas Marianas, de 1904, objetos originários dos séculos 19 e 20, pertencentes a moradores dessas cidades como lampiões, máquinas de costura, fotos, livros e baús. Segundo a restauradora do Ipac, Tânia Cafezeiro, foram ensinadas técnicas de manuseio e higienização de objetos, conservação de documentos e papéis, além do acondicionamento apropriado para livros.

“As exposições incluirão ainda uma proposta de Circuitos Arqueológicos para a Chapada criada pelo Ipac e Ufba. Desde 2008, o Ipac tem acordo de cooperação técnica com essa universidade visando aprimorar reflexões e soluções acerca do patrimônio cultural baiano”, explica a chefe de gabinete do instituto, Lícia Cardoso.

Turismo cultural

Originária de bacia sedimentar com 1,6 bilhão de anos e totalizando 38 mil quilômetros, a Chapada é considerada uma das mais ricas regiões do Brasil em cavernas, pinturas rupestres, fósseis vegetais e animais. Além disso, a região detém cidades originárias dos séculos 18 e 19, tombadas como Patrimônio do Brasil pelo Ministério da Cultura.

Com as oficinas, exposições e circuitos o Ipac pretende fomentar instrumentos normativos, em parceria com as prefeituras, para a proteção e promoção de bens culturais desses municípios, além da catalogação e mapeamento arqueológicos que permitam um turismo cultural nessa região, com devida segurança ambiental e patrimonial. “São premissas básicas para a proteção e aproveitamento sustentável desses recursos culturais que são vetores de desenvolvimento econômico e social desses municípios”, diz Cardoso.