Edifício de notável valor arquitetônico, originário do século 17 e tombado pelo Ministério da Cultura (MinC) como Patrimônio do Brasil, o Solar São Dâmaso está passando por obras hidráulicas emergenciais. Localizado no Centro Histórico de Salvador (CHS), também tombado, o casarão fica entre a Praça da Sé e o Terreiro de Jesus, na Rua do Bispo, que reunia as melhores residências da cidade no período colonial.

O prédio está sob a responsabilidade do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), unidade da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), e abriga a Subgerência de Restauração de Bens Móveis (Surbm). O setor restaura imagens como as de Nossa Senhora do Pilar (Oratório da Cruz do Pascoal), de São Benedito (Igreja de Santana), os altares da Igreja de Piatã, entre dezenas de outras peças.

A subgerência funciona nos dois últimos andares do casarão. Já os núcleos de figurino, adereços e a sala de leitura da Escola de Dança da Fundação Cultural (Funceb) – igualmente vinculada à Secult – estão instalados no térreo.

Com três pavimentos, pilastras dóricas, tetos de madeira de lei em forma de gamela, o solar tem azulejos do século 17 do mesmo tipo encontrados na Catedral de Salvador, Igreja de Monte Serrat, conventos de São Francisco e Santa Teresa.

O casarão, no formato de palacete colonial, pertence à Igreja Católica por meio da Arquidiocese de Salvador. O Ipac administra o imóvel via contrato de locação. “Estamos promovendo a recuperação do tanque de água, que apresentava vazamentos, para evitar qualquer dano a esse monumento nacional”, informa o gerente de Patrimônio do órgão, Raul Chagas. Os serviços terminam neste mês de abril.

Imóveis de responsabilidade do Ipac

Segundo Chagas, o São Dâmaso é um dos 235 prédios sob responsabilidade do Ipac. Entretanto ele esclarece que o Instituto “não é o responsável legal por todos os imóveis do Centro Histórico de Salvador como pensam erroneamente alguns”.

Nas décadas de 80 e 90 o Estado fez desapropriações na região e o Ipac ficou com esses imóveis. O número representaria 7,8% dos três mil imóveis estimados para a área tombada. Segundo a Constituição de 1988 e a legislação municipal, os imóveis da área devem ser mantidos por seus proprietários. Já a administração do CHS é da Prefeitura do Salvador.

“Como o local é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), esse órgão federal passa a ter tutela também nessa parte da capital baiana”, explica o gerente de Patrimônio do Ipac. Segundo a artista plástica e subgerente de Restauração de Bens Móveis do Ipac, a Kátia Berbert, “o prédio mantém as características daquele tempo, “com móveis, parte interna e externa semelhante, além das belas portas e azulejos”.