Após registrar crescimento significativo em 2010, o comércio baiano iniciou 2011 com as vendas aquecidas. Em fevereiro, apesar do menor número de dias característicos do mês, a taxa obtida foi bastante expressiva (12,2%), situando-se em um patamar superior a variação do volume de vendas registrada em janeiro, quando o varejo apresentou crescimento de 7,7%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), realizada em âmbito nacional pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgados, em parceria, pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia vinculada à Secretaria de Planejamento (Seplan).

As variações positivas registradas nos últimos 12 meses (março de 2010 a fevereiro de 2011) levaram o comércio baiano a uma expansão de 9,8%. No acumulado do primeiro bimestre deste ano, a variação do volume de vendas situou-se em 9,9%. Diante dos bons resultados apresentados nos dois primeiros meses, as expectativas são de que o setor deverá manter, nos próximos meses, desempenho favorável.

O segmento de móveis e eletrodomésticos repetiu o bom desempenho apresentado em janeiro e, em fevereiro teve a variação mais expressiva de desempenho das vendas (39,9%). No acumulado dos últimos 12 meses o setor contabiliza crescimento de 23,8% e expansão de 32,7%, no acumulado do ano.

Os outros produtos que mais contribuíram para desempenho do setor em fevereiro foram artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (19,5%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (19,5%); tecidos, vestuário e calçados (15,2%); livros, jornais, revistas e papelaria (15,1%); combustíveis e lubrificantes (14,9%).

Entretanto, o grupo mais representativo do varejo – hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo – apresentou retração de 3,0%, comportamento que pode ser explicado pela retração na demanda motivada pelo aumento nos preços dos alimentos. No acumulado dos últimos 12 meses, o aumento nas vendas de tal setor atingiu 4,7%, e no acumulado do ano -2,5%. Também apresentou variação negativa o ramo de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-23,0%). Entre os ramos que não integram o indicador do varejo, mas são apurados pelo IPC, o de veículos, motocicletas, partes e peças expandiu 23,7% e o de material de construção registrou aumento de 12,7%.

Aumento de crédito

Segundo análise do coordenador da SEI, Laumar Neves, “as razões para tais resultados podem ser creditadas às condições mais favoráveis de emprego e de renda, ao aumento do crédito para financiamento e à ampliação dos prazos para pagamento, circunstâncias que motivam os consumidores a comprarem. Tendo em vista que cerca de 80% das transações comerciais do ramo estão atreladas diretamente aos financiamentos e como a população de baixa renda ao assumir um crediário leva em consideração a prestação, que tem valor compatível com seu orçamento doméstico, os prazos mais longos possibilitam a esses consumidores adquirir tais bens”.

A esses fatores Laumar acrescenta a concorrência entre as grandes redes varejistas, obrigando-as a realizarem promoções com retração dos preços de determinados eletrodomésticos e de móveis, “o que, por certo, é uma das mais importantes estratégias para estimular as vendas”.