A Biblioteca Pública do Estado viveu um dia de intensa movimentação nos seus diversos setores. Em comemoração ao aniversário de 200 anos, nesta sexta-feira (13), o público teve oportunidade de conhecer todos os serviços que o espaço oferece. Contação de história no setor infantil, homenagens no setor Braille, exposição, música e teatro nos corredores, filmes no audiovisual e conferências deram mostra de como ela continua efervescente, dois séculos após a sua fundação. O encerramento contou com encontro de personalidades negras, refletindo sobre a importância da biblioteca em suas trajetórias artísticas e políticas, e show da Orkestra Rumpilezz.

A história da Biblioteca foi contada de forma lúdica, pela Cooperativa Baiana de Teatro, para o público presente, entre autoridades políticas, usuários e funcionários novos e antigos. Entre os presentes, o secretário de Cultura, Albino Rubim, o diretor-geral da Biblioteca Nacional de Brasília, Antonio Miranda, e o diretor do Instituto de Ciência da Informação da UFBA, Rubem Gonçalves da Silva.

“A Biblioteca deve se adequar a essa nova configuração como mediadora cultural, aberta e permeada. O processo de transformação e desenvolvimento não se limitam a transcender economicamente e socialmente, mas também culturalmente garantindo o acesso a multiplicidade de instituições culturais”, defendeu Albino Rubim.

Biblioteca Nacional da Bahia

O diretor da Biblioteca Nacional de Brasília, Antonio Miranda, destacou a importância histórica da Biblioteca Pública da Bahia e sua relevância nacional. O professor explicou que, mesmo com a transferência da capital do Brasil, Rio de Janeiro para Brasília, entendeu-se a importância de manter as bibliotecas das duas cidades com o título de ‘Nacional’, diante da importância e particularidades de cada acervo. “Levando em consideração esses aspectos, defendo a nomeação da Biblioteca Pública do Estado da Bahia como a terceira biblioteca nacional do Brasil”, afirmou Miranda.

Para contextualizar o momento histórico de criação da biblioteca, a professora Gina Marocci e o diretor-geral da Fundação Pedro Calmon / SecultBA, Ubiratan Castro de Araújo, discutiram como a disputa política pela capital do Brasil entre Salvador e o Rio de Janeiro culminou no desenvolvimento urbano soteropolitano e na criação da Biblioteca Pública do Estado da Bahia, pelo 8º Conde dos Arcos, em 1808. O debate contou com a presença da historiadora portuguesa, Maria Beatriz Nizza da Silva, e o coral Doce Vida, formado pelo grupo da terceira idade da Associação dos Servidores Públicos Aposentados.

História

Na conferência foi apresentado que a perda da capital pelos soteropolitanos teve como consequência o descontentamento dos comerciantes da capital baiana, que tinham o receio do desvio de interesse e estrutura para o Rio de Janeiro. Para conter a insatisfação baiana, a Coroa nomeou o vice-rei, 8º Conde dos Arcos, D. Marcos de Noronha e Brito, como governador da Bahia. Ele tentou conter as insatisfações através da modernização de Salvador e com a criação da parceria entre o público-privado, promoveu a urbanização e fundou a Biblioteca Pública do Estado da Bahia, entre outras iniciativas.

Crianças

O público presente no Setor Infantil da Biblioteca Pública do Estado da Bahia parecia ter idades parecidas, pois o riso e a descontração rolaram soltos. Entre os presentes estavam o Grupo de Apoio a Criança com Câncer, a Organização Não Governamental Mais Social e a Escola Infantil Maria Helena, do bairro de Pernambués. Em comemoração ao Bicentenário da Biblioteca Pública dos Barris, o grupo Cabriola Cia de Teatro apresentou o espetáculo “Os Prequetés” e os estudantes da Universidade Federal da Bahia, do Projeto Mitologia, fizeram uma contação de histórias infantis. No total, estavam presentes mais de 150 pessoas.

“A história da Biblioteca faz parte da cidade e para os idosos do Mais Social mostra a contribuição deles na história da Biblioteca, pois eles também fazem parte desta história”, ressaltou a pedagoga e professora de alfabetização de idosos, Mirella Almeida.

Jogos

No espaço do Centro Digital de Cidadania (CDC) aconteceu o projeto Búzios: Ecos da Liberdade, que tem como objetivo desenvolver o raciocínio lógico e o entendimento histórico de estudantes do ensino fundamental. O jogo traz para tela, a história da Revolta dos Búzios, que aconteceu no fim do século XVIII, na Bahia, resgatando a revolta popular. Disponível para o público da Biblioteca, o projeto funciona através de um software livre desenvolvido por um grupo de estudantes da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em 2009.

“Este programa possui informações históricas e simula determinados contextos históricos, mesclando com personagens e enredos fictícios, desenvolvendo jogos que assimilam conteúdo e entretenimento”, comenta uma das criadoras do jogo, Ivana Souza, mestranda de educação pela Uneb. Os interessados também podem acessar o jogo no site Comunidade Virtual.