Até julho deste ano, cinco municípios da Chapada Diamantina recebem a exposição Circuitos Arqueológicos, que reúne 60 itens, entre fotografias, objetos, documentos antigos, painéis de pinturas rupestres e mapas com roteiros de visitação para turistas. A mostra é iniciativa do Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (Ipac), autarquia da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), que realiza, desde 2008, pesquisas e mapeamento do acervo arqueológico-cultural da região para criar circuitos arqueológicos turísticos.

O diretor-geral do Ipac, Frederico Mendonça, explica que o objetivo do projeto é fazer com que os patrimônios arqueológicos passem a ser incluídos também no turismo cultural do estado. As cidades da Chapada, que detêm conjuntos arquitetônicos tombados pela União, são divulgadas e têm infraestrutura necessária para recepção de turistas, enquanto os sítios arqueológicos ainda não dispõem desse perfil receptivo.

A expectativa é que a implantação dos Circuitos, em parceria com prefeituras da Chapada, as secretarias estaduais do Turismo (Setur), da Educação (SEC), do Meio Ambiente (Sema) e de Desenvolvimento Urbano (Sedur), possibilite mais vetores de desenvolvimento sustentável para os municípios da região.

A Universidade Federal da Bahia (Ufba) foi convidada para criar os Circuitos, com pesquisas e manejos de Sítios de Arte Rupestre. Os trabalhos começaram em 2008, quando o Ipac realizou o Fórum de Patrimônio Material da Bahia, em Lençóis, com a coordenação do renomado arqueólogo Carlos Etchevarne, PhD pelo Instituto de Arqueologia da Universidade de Coimbra e doutor em Pré-História pelo Museu de História Natural de Paris.

Oficinas

O projeto Ipac/Ufba mapeou 57 sítios arqueológicos e propõe oito roteiros culturais na Chapada que passam por cidades do século 19, belas paisagens, rios, antigas estradas, cavernas e sítios de pinturas rupestres. Alguns itens da mostra foram criados a partir de oficinas nas cidades e povoados da Chapada.

“Realizamos oficinas antes dos circuitos para conscientizar populações porque bens arqueológicos e naturais nem sempre são vistos como patrimônios culturais identitários e vetores para o desenvolvimento local”, diz a coordenadora de Educação Patrimonial do instituto, Ednalva Queiroz. Participaram professores, alunos, guias turísticos, funcionários das prefeituras e líderes comunitários para formar um grupo de agentes patrimoniais. O Ipac pretende ainda buscar capacitação para os agentes municipais elaborarem projetos culturais e articular ações com instituições da Secult como Fundação Pedro Calmon e Fundação Cultural do Estado.

Na sexta-feira da semana passada (29), foi realizada exposição no município de Wagner. Nesta quinta (5), a mostra acontece às 19h, na cidade de Iraquara, localizada a 580 quilômetros de Salvador. As próximas cidades serão Seabra (28) e Palmeiras (4 de junho), Lençóis (10 de junho) e Morro do Chapéu (8 de julho).

Chapada

Localizada no centro do estado da Bahia, a Chapada Diamantina é famosa internacionalmente por suas imponentes serras formadas a partir de 1,7 bilhão de anos, totalizando aproximadamente 38 mil quilômetros quadrados, com imensa riqueza natural e patrimônios arqueológicos, principalmente pinturas rupestres, cavernas e vestígios fósseis pré-históricos animais e vegetais.