Segundo o fotógrafo Elias Mascarenhas, com a era digital, crianças, adolescentes e muitos adultos não sabem como é o processo fotográfico, desde o tratamento da imagem até a revelação. “Por isso fizemos cursos para que essas pessoas pudessem experimentar o processo completo da fotografia analógica e digital”. Foi com essa proposta que Mascarenhas e Lázaro Menezes, integrantes da equipe educacional do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), passaram por seis municípios da Chapada Diamantina, realizando oficinas, durante o ano passado, para populações urbanas e rurais.

“Montamos laboratórios fotográficos em Palmeiras, Seabra, Morro do Chapéu, Iraquara, Lençóis e Wagner, oferecendo vagas para jovens moradores, professores da rede pública e privada, guias de turismo, funcionários das prefeituras e líderes comunitários da região”, disse Mascarenhas. Com essa programação, os participantes aprenderam história da fotografia, como e o que fotografar, além do manuseio de máquinas e revelação das fotos.

O resultado final integra a exposição Circuitos Arqueológicos, idealizada pelo Ipac, em parceria com o departamento de antropologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), que percorre os seis municípios. Com 60 itens, entre fotografias, objetos, documentos antigos, painéis de pinturas rupestres e mapas com roteiros de visitação para turistas, a exposição reúne resultados das oficinas de fotografia, conservação de objetos, educação patrimonial e arqueologia, todas promovidas via parceria Ipac/Ufba.

Desde 2008, o Ipac e a Ufba realizam pesquisas e mapeamento do acervo arqueológico-cultural da região para criar circuitos arqueológicos que possam ser visitados por turistas. “O objetivo é fazer com que os patrimônios arqueológicos passem a ser incluídos no turismo cultural do estado”, disse a coordenadora de educação patrimonial do Ipac, Ednalva Queiroz.

As oficinas de fotografia do instituto passaram também por comunidades quilombolas – lugares simples onde as pessoas nunca tiveram contato com máquina fotográfica ou sequer haviam tirado fotos. “Os moradores da zona rural, principalmente as crianças, ficaram muito entusiasmados com a oficina, mostrando vontade e interesse de aprender”, declarou Lázaro Menezes.