A homenagem do Dia das Mães (8) foi antecipada para as internas do Conjunto Penal Feminino, que faz parte do Complexo Penitenciário da Mata Escura. Nesta sexta-feira (6) houve apresentação teatral de crianças da Creche Nova Semente e, no clima festivo, a situação do confinamento cedeu lugar à esperança de reencontrar a família e um trabalho decente. O evento marcou o início do Curso de Panificação.

Consciente de que o mercado de trabalho, muitas vezes, fecha as portas para a população carcerária, dona Angelita de Lourdes, 44 anos, não deixou se abater com as incertezas que rondam a maioria das internas. Ela aproveitou a oportunidade como um antídoto para a ociosidade. “Além de aprender, tenho o benefício da remissão da minha pena e de receber um ordenado. Tudo que é produzido por nós é consumido também por pessoas de outros presídios”.

Num esforço conjunto, o governo estadual, Voluntárias Sociais da Bahia (VSBA), Fundação Dom Avelar Brandão Vilela e empresários investem na reintegração social das internas por meio do Curso de Panificação. Com a mão na massa, elas começam a dar os primeiros passos para o resgate da dignidade. As aulas com duração de duas horas serão realizadas nas segundas, terças e sextas-feiras, durante 60 dias.

Profissionalização

O pequeno empreendimento que vai profissionalizar as internas contou com a doação de equipamentos e do auxílio de um padeiro: tudo para que elas saiam preparadas para ocupar um lugar no mercado profissional. As horas trabalhadas são revertidas em benefício para redução da pena – a Lei de Execução Penal assegura que a cada 18 horas de aula seja descontado um dia da pena à qual a pessoa foi condenada.

“Na situação de encarcerado, a ação atende um compromisso do governo com os direitos humanos, com a cidadania e a dignidade de todo o cidadão. A atividade laboral ajuda a pessoa a almejar um futuro melhor. Na prática, quando damos uma chance o que prolifera no ser humano é o melhor possível”, argumenta o secretário da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Almiro Sena.

A presidente das Voluntárias Sociais da Bahia, Fátima Mendonça, falou sobre a iniciativa e a importância de continuar com outras ações tendo apoio de diversos segmentos da sociedade. “Os pães, salgados e doces fabricados por essas mulheres poderão ser comercializados fora do cárcere, inclusive em eventos do governo. O objetivo é que elas saiam daqui dominando esta atividade, como forma de ganhar dinheiro”.

A empresária de alimentos/chocolates, Joana Arcoverde, defende a parceria como um compromisso de todos. “A ação busca inserir pessoas que estão excluídas do convívio social, por meio de um trabalho que possa qualificá-las. E, nessa data, é essencial passar essa mensagem de amor e de esperança”.