Nunca em um mês de abril a Bahia vendeu tanto ao exterior – US$ 798,8 milhões, o que supera em 27,3% o volume do mesmo mês, no ano passado, e em 5,3% o de março último, que também foi recorde para o período. Os dados são da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento da Bahia (Seplan). Pelo segundo mês consecutivo, as exportações baianas atingem recorde histórico mensal, evidenciado pela alta de 47,5% nos preços médios dos produtos exportados pelo estado no mês, comparados com abril de 2010.

Segundo o coordenador de Comércio Exterior da SEI, Arthur Souza Cruz, “os principais fatores que impulsionaram as exportações nesse mês foi a recuperação das vendas de produtos químicos e petroquímicos, que teve produção afetada nos últimos meses pelo blecaute ocorrido em fevereiro último, o aumento dos preços das commodities, insumos básicos, que respondem pela maior parte do que a Bahia exporta, e o crescimento da demanda no mundo, principalmente de países emergentes como Argentina, China e Índia”.

Mesmo com a valorização do real em 5,9% e o aumento de custos, as vendas de commodities como o cobre, soja, celulose, minérios, café, algodão e fumo foram beneficiados pela alta internacional de preços, garantindo crescimento e rentabilidade para as exportações desses produtos no período.

Para o diretor-geral da SEI, Geraldo Reis, “tudo indica que a alta dos preços das commodities, especialmente dos alimentos, deve ser duradoura. A elevação dos preços desses produtos é um fenômeno global”. Ele relembra que “a demanda vem aumentando desde o início da década, com a melhoria das economias asiáticas. Só a China é responsável por 70% a 80% do aumento da demanda por alimentos entre 2008 e 2010. A crise internacional conteve temporariamente a tendência que, agora, volta a recuperar seu ímpeto”.

Outros fatores que também têm papel relevante na elevação dos preços são a transformação de alguns produtos agrícolas em alternativa de investimento de especuladores e hedge funds, cujo movimento foi engrossado pelas políticas de expansão monetária das economias avançadas. Houve ainda influência de problemas climáticos e do uso de alguns produtos agrícolas como combustíveis, a exemplo do milho e da cana.

Setor mineral apresenta melhor desempenho no quadrimestre

Até abril, as vendas externas baianas são lideradas pelo setor de papel e celulose com US$ 589,3 milhões e crescimento de 7,7%, seguido do setor químico/petroquímico, com US$ 485,7 milhões, e do de petróleo e derivados, com US$ 449,8 milhões. O setor com melhor desempenho no quadrimestre foi o mineral, com incremento de 793,5%, graças às exportações de níquel pela Mirabela Mineração, que iniciou, este ano, o embarque do produto extraído da mina de Itagibá. Foram 12 mil toneladas até abril, o equivalente a US$ 34,2 milhões.

As importações baianas seguem estabilizadas com volume levemente superior ao registrado no período jan/abril de 2010. Menores compras de nafta, petróleo, cacau e bens de capital compensam a expansão nas compras de fertilizantes, borracha, veículos e bens de consumo, reflexo do crescimento do mercado doméstico. Entre os maiores fornecedores da Bahia no período, destaca-se a China – as vendas ao estado em 2011 aumentaram em 33%, na comparação com o mesmo período do ano passado, o que posiciona esse país como terceiro maior fornecedor para o estado no ano.

No quadrimestre, as exportações baianas atingiram US$ 2,84 bilhões, com crescimento de 5,45% sobre igual período do ano anterior. As importações alcançaram US$ 2,12 bilhões e incremento de 0,3%. Com esses resultados, o saldo comercial do estado no quadrimestre foi de US$ 715,9 milhões, 24,5% acima de igual período de 2010.