Os acidentes de trabalho, que respondem pela maior parte dos atendimentos de urgência em cirurgia de mão, foram o principal foco do trabalho científico intitulado Avaliação preliminar dos acidentes de trabalho envolvendo as mãos na Bahia, elaborado pela equipe do Serviço de Cirurgia de Mão do Hospital Geral do Estado (HGE).

O trabalho, a ser apresentado no 31º Congresso Brasileiro de Cirurgia de Mão, que será realizado nos próximos dias 12 e 14, no Sauípe Park Hotel, é resultado de um estudo realizado no HGE, com o objetivo de avaliar o perfil epidemiológico e os principais agentes causadores das lesões e traumas nas mãos.

Segundo o cirurgião Marius Wert, coordenador do Serviço de Cirurgia de Mão do HGE, a mão é a parte do corpo mais frequentemente atingida nos acidentes de trabalho. “O HGE é porta de entrada para o atendimento a acidentados, daí a importância do estudo feito pelo Serviço de Cirurgia de Mão da unidade”, conta Marius Wert, acrescentando que, depois dos acidentes de trabalho, as agressões são responsáveis pelo maior percentual de atendimentos no serviço. Ainda segundo o cirurgião, o atendimento imediato e adequado nos casos de acidentes com traumas nas mãos resulta num índice bem menor de sequelas graves.

Mãos mutiladas
Estudo divulgado no ano passado pela Associação Brasileira de Cirurgia das Mãos (ABMC) mostrou que ao menos 50% das mãos mutiladas no Brasil poderiam ser preservadas, caso o primeiro atendimento cirúrgico fosse especializado. O levantamento da ABCM se baseou em 4.258 atendimentos feitos em 12 hospitais, num período de 11 dias, e constatou também que quase a metade (43%) das lesões ocorreu em ambiente de trabalho.

O estudo, divulgado durante congresso realizado em São Paulo, chama atenção para o grande volume de acidentes de mãos – é um dos mais frequentes e uma das maiores causas de afastamento do trabalho no país.

Dados oficiais do INSS indicam que, no Brasil, acontecem em torno de 1,1 milhão de acidentes de trabalho por ano, dos quais cerca de 50% ou seja, 550 mil, comprometem o membro superior. Além destes acidentes registrados, existe grande número de lesões que não são registradas oficialmente, elevando ainda mais estes números.

No HGE são feitas, em média, 250 cirurgias de mão/mês. “Acidentes com lesões agudas na mão respondem por cerca de 35% de todos os traumas que chegam às emergências”, pontua Wert. Conforme o especialista, nesse tipo de lesão é muito comum que aconteçam amputações de parte dos dedos, dos dedos e até de toda a mão.

“A lesão deve ser avaliada com cuidado pelo especialista, com a perspectiva de se preservar a função das mãos e possibilitar o retorno, o mais rápido possível, do trabalhador acidentado à sua atividade produtiva”, disse Wert.

Congresso brasileiro
No ano passado, o então presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão, Gilberto Ohara, visitou o HGE e o Hospital Manoel Vitorino (HMV), que atua de forma integrada com o HGE, a fim de conhecer as instalações e o modelo de funcionamento dos serviços e a avaliar sua implantação em outros estados.

Na oportunidade, a Bahia foi escolhida para sediar o 31º Congresso Brasileiro de Cirurgia de Mão, que ocorrerá na próxima semana, e possibilitará a integração e a troca de conhecimento e experiência entre os especialistas.

Durante o encontro, serão discutidos temas como as fraturas e luxações dos dedos, a perda óssea no membro superior, imobilização x cirurgia e malformações de punho e mão.

Entre os participantes do congresso estão o atual presidente da SBCM, Paulo Randal Pires; o chefe do Serviço de Mão e Membros Superiores do Massachusetts General Hospital, Jessé Júpiter, e o chefe do Serviço de Mão do Hospital for Special Surgery de Nova York, Scott Wolfe.