Com um bom nível técnico, a presença de grandes talentos e revelações, foi encerrado neste domingo (19), o Sul-americano de Jiu-Jitsu Esportivo, que movimentou o Ginásio da AABB, em Piatã, Salvador, desde o sábado (18), com grandes lutas. O evento teve a participação de 700 atletas, oriundos de países da América do Sul, como Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, além de convidados dos Estados Unidos, França e Espanha.

O evento teve apoio do Governo do Estado, por meio da Sudesb, e foi organizado pela Federação Baiana de Jiu-Jitsu Esportivo, em parceria com a Confederação Brasileira. "Só tenho a agradecer à Sudesb por todo o apoio. Realmente, seria difícil organizar algo desse nível sem essa colaboração", concluiu Ricardo Carvalho, organizador da competição e presidente da federação baiana.

Ao todo, os brasileiros conseguiram conquistar cerca de 200 medalhas, sendo a maior parte levada pelos baianos, que foram maioria no evento. "Tivemos competidores de todas as partes do Estado. Teve gente que veio de longe, como o pessoal de Barreiras e Luis Eduardo Magalhães, que fizeram de tudo para estar presentes", salientou Carvalho. As lutas foram masculinas e femininas, nas categorias infanto-juvenil, juvenil, adulto, máster e sênior.

Houve até município que mandou um ônibus com atletas para o evento, como Luis Eduardo Magalhães. Ao todo, foram 996 quilômetros percorridos até chegar a Salvador, mas para esses apaixonados pelo jiu-jítsu, a distância se torna pequena perto da emoção de participar de um Sul-Americano. "É muito bom ter a chance de participar de um evento de alto nível na Bahia, e para isso vencemos qualquer obstáculo, viemos de nossa terra com 15 lutadores do nosso Projeto Social, "Lutador de hoje, cidadão de amanhã", acreditando que essa competição é uma oportunidade única na vida desses garotos", afirmou o treinador Carlos Vidal.

No meio de tantos competidores, uma atleta soteropolitana chamava mais atenção. Com próteses nas duas pernas, ela não tirava o sorriso do rosto e acompanhava atenta às lutas, ansiosa pela sua vez de subir no tatame. "Pratico jiu-jitsu há quatro meses e já estou apaixonada pelo esporte. Na hora de lutar, os adversários ficam sensibilizados com a minha situação física e acabo levando vantagem. Se der mole, finalizo logo, nessa semana mesmo, finalizei um faixa-preta", contou, empolgada, Amonalisa de Jesus (17), que é portadora de uma patologia hereditária, e, mesmo não tendo metade das duas pernas, nunca esmoreceu frente aos desafios da vida.

"Hoje estou aqui, competindo com pessoas que não têm nenhuma necessidade especial e isso não me abala. Ao contrário, eu me sinto muito feliz, acho que todos os portadores de deficiência deveriam pensar da mesma forma e correr atrás dos seus objetivos. Desde a escola faço esporte, antes era vôlei e agora, além do jiu-jítsu, ainda arrumo tempo para o judô e a capoeira. E, graças ao mundo esportivo, estou prestes a conseguir bolsa em uma universidade daqui", conta a jovem, que sonha cursar Línguas Estrangeiras e foi estimulada pela irmã, Joice, de 14 anos, a seguir os caminhos do jiu-jitsu. "Sempre levava ela para treinar na academia e, de repente, recebi o convite, aceitei logo e hoje estou fascinada por essa arte marcial", confessou Amonalisa.

Apesar de ter pouco tempo praticando Jiu-Jitsu, a garota já é destaque, segundo o professor Ricardo Carvalho. "Ela é uma boa lutadora, vem evoluindo rapidamente e promete fazer bonito no jiu-jitsu baiano", ressaltou.