O município de Cachoeira, no Recôncavo baiano, foi, pelo quarto ano consecutivo, neste 25 de Junho, a sede do Governo do Estado, ação que se repete em homenagem às batalhas que resultaram na independência da Bahia e do Brasil. Este ano, o destaque foi o esforço do Governo do Estado para tornar as datas cívicas conhecidas e comemoradas em todo o País.

“Aqui é um ato simbólico para engrandecer a data e fazer com que a história da Bahia seja cada vez mais reconhecida por nós e por todos os brasileiros. Foram os heróis do 25 de Junho e do 2 de Julho que conseguiram a unidade brasileira naquele momento da independência”, disse o governador Jaques Wagner. Para ele, muita gente não sabe que, se não fossem as batalhas travadas pelos baianos, talvez o desenho do Brasil fosse outro.

É o caso do paulista Rolando Barbosa, 51 anos, que aproveitou que a irmã, Rosângela Cordaro, está morando em Cachoeira para conhecer os festejos juninos e se encantou com as homenagens às batalhas. “A gente ouve falar do 7 de Setembro e acha que o processo de independência acabou ali”, comentou Rosângela. “Eu não conhecia esta parte da história, vim saber aqui. Isso poderia estar presente em todas as escolas”, afirmou Rolando.

Daniel Carlos, 30 anos, levou, de Salvador, a mulher e dois filhos para assistir às solenidades. “É o terceiro ano que venho, gosto muito das fanfarras. É importante trazer as crianças para que conheçam um pouco da nossa história”.

Nacionalização

Sobre os esforços do Governo do Estado para tornar as datas já comemoradas na Bahia conhecidas e celebradas em todo o Brasil, Wagner disse que não são poucos. “A gente tem o Hino ao 2 de Julho, que passou a ser o hino da Bahia, o próprio fato de a gente vir aqui todos os anos, aquilo que a gente está ensinando nas nossas escolas e o movimento de alguns dos nossos deputados e senadores, que estão se esforçando para que a data fique cada vez mais nacionalizada e reconhecida como um momento importante da brasilidade”, concluiu o governador.

O diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, professor Ubiratan Castro, explicou que os esforços se justificam porque, após a invasão de Salvador por tropas portuguesas para impedir a unificação do Brasil no processo de independência, a Câmara de Cachoeira foi o primeiro ponto de reação.

“A Câmara foi bombardeada por uma canhoneira que estava no rio Paraguaçu. Três dias de lutas, ao fim dos quais o povo venceu, tomou a canhoneira e convocou todas as câmaras do Recôncavo para formarem o primeiro governo brasileiro independente, organizando a guerra para expulsar as tropas portuguesas. Três meses depois é que Dom Pedro I proclamou a independência em São Paulo”, contou Castro.

Assim, explica o diretor, o primeiro governo independente do Brasil foi criado no dia 25 de junho em Cachoeira. “Por isso o Governo da Bahia reconhece a primazia do município, transfere a capital do Estado para a cidade nesta data e é também por isso que diversos projetos tramitam em Brasília, de senadores e deputados baianos, para o reconhecimento do 25 de Junho e do 2 de Julho como datas nacionais”.

Para a representante da Irmandade da Boa Morte, Dalva Damiana, os festejos e o esforço para o reconhecimento nacional das datas cívicas baianas são vistos com muito amor, orgulho e agradecimento. “Para mim, é a força de Cachoeira, a mulher independente, Cachoeira é Terra Mãe e deu o primeiro passo da história para a independência do Brasil”.

Festejos

As comemorações começaram com a salva de tiros na Alvorada, no sábado (25), seguida do hasteamento das bandeiras Nacional, Estadual e Municipal, às 8h, com a presença do chefe de gabinete, Edmon Lucas, que no ato representou o governador Jaques Wagner.

Em prosseguimento à programação do dia, turistas, autoridades e a população participaram, na Igreja da Ordem Primeira do Carmo, de um Te Deum, missa solene realizada durante os festejos. À tarde foi realizada a sessão solene na Câmara dos Vereadores, com a presença do governador Jaques Wagner, e no encerramento houve o tradicional desfile de fanfarras e grupos artístico-culturais.

Rota da Independência

Uma série de atividades culturais e educativas começou em Cachoeira, no sábado, e vai se estender por mais cinco cidades do Recôncavo Baiano até o dia 10 de julho. É mais uma Rota da Independência da Bahia, promovida há quatro anos pela Fundação Pedro Calmon/SecultBA, em parceria com o Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) da Secretaria de Administração do Estado, visitando os municípios que protagonizaram a expulsão dos portugueses.

Adriano dos Santos, 26 anos, morador da zona rural de Cachoeira, aproveitou a oportunidade da presença do SAC Móvel e tirou sua primeira carteira de identidade. “Agora vou ver outros documentos. Vai ficar mais fácil conseguir trabalho”.

Jucélia dos Santos levou seu filho, Jocimar, 12 anos, para tirar a identidade também. “Agora vai melhorar para fazer matrícula dele na escola, para ir para longe, para pegar ônibus, ele já tem documento”.

Segundo o secretário da Administração, Manoel Vitório, “a Rota da Independência leva para o povo baiano, além da documentação civil básica, que é fundamental para o exercício da cidadania, esta parceria com o Ipac para a realização de palestras, rodas de poesias e uma série de atividades lúdicas com um forte conteúdo histórico. Isso é importante para que o cidadão baiano se conecte com a sua história. Nada mais oportuno do que começar por Cachoeira”.

Atividades

Durante a Rota da Independência estão previstas apresentações culturais e educativas alusivas com poetas e arte-educadores, além do atendimento no SAC Móvel. Na programação consta a doação de livros e revistas impressas pela Fundação Pedro Calmon, distribuição de kits de livros nas escolas municipais, oficinas de leitura, contação de histórias e performances literária. As atividades serão realizadas nos seguintes dias e municípios:

Cachoeira: até 28 de junho, na Praça Faqui, em frente ao Bradesco
São Francisco do Conde: 29 e 30 de junho, na Praça da Independência, em frente à Orla;
Muritiba: 1º e 2 de julho, na Praça Albérico Fraga;
Governador Mangabeira: 3 e 4 de julho, na Praça 14 de março;
Santo Amaro: 7 e 8 de julho, na Praça da Purificação;
São Gonçalo dos Campos: 9 e 10 de julho, na Praça da Matriz.   

Publicada às 8h do dia 25/06
Atualizada às 10h30