“Este título consolida uma trajetória de paixão e amor pela Bahia. Por isso, posso dizer que com essa honraria me consolidei baiano registrado e reconhecido. Antes, era de fato. Agora, sou legalizado”, afirmou o governador Jaques Wagner durante a sessão especial na Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira (30), que lhe concedeu o título de Cidadão Baiano.

Vestido com as cores da Bahia, o governador ao chegar na Casa Legislativa foi recepcionado pela Orquestra de Berimbau, que tocou a música ‘Baixa dos Sapateiros’, de Ari Barroso. A emoção também ficou por conta da execução do Hino ao Dois de Julho, que é oficial da Bahia, cantado por Margareth Menezes.

A cerimônia reuniu familiares, amigos, companheiros de partido, deputados, representantes da classe artística, sindicalistas e secretários estaduais. A honraria foi proposta, em 2004, pela então deputada estadual Moema Gramacho, atualmente prefeita de Lauro de Freitas. Na época, Jaques Wagner era ministro do Conselho de Desenvolvimento Social da Presidência da República. O Projeto de Resolução nº 1764/2004 foi aprovado pelo plenário e transformado na Resolução nº1.346, de 23/12/2004.

Moema Gramacho justificou que o título é uma maneira de homenagear a história de luta do governador durante o regime militar, quando defendeu a democracia brasileira. “Este foi um dos meus últimos projetos como parlamentar. Ofereci o título a Jaques Wagner pela sua história contra a ditadura militar, pela sua militância política e pelo seu amor à Bahia. Eu convivi com ele e sempre acompanhei seu anseio em resolver os problemas da Bahia. Isto Wagner mostrou quando foi deputado e ministro. Agora, pelo seu trabalho no Governo do Estado, reconhecido por todos os baianos”.

A prefeita disse ainda que o governador sempre se dedicou integralmente à Bahia. “Wagner é duplamente baiano: por ter escolhido o estado para viver e por ter sido escolhido pelos baianos, que o elegeram duas vezes como governador”. Durante o discurso, Moema citou também as ações realizadas na Bahia durante os primeiros quatro anos da gestão do atual governo como a construção de hospitais, reforma e construção de rodovias, a criação do programa Todos pela Educação, as obras de infraestrutura, entre outras.

Após o discurso da prefeita foi exibido um vídeo contando toda trajetória de Jaques Wagner, com depoimentos de personalidades baianas como Gilberto Gil. Logo depois, o governador recebeu a placa de Cidadão Baiano das mãos de Moema Gramacho, da primeira-dama Fátima Mendonça, dos quatro filhos do governador e da neta Júlia.

Paixão pela Bahia

Ao agradecer a homenagem, o governador lembrou do acolhimento dos baianos quando chegou ao estado, em 1974, depois de ter sido perseguido pelo regime militar. Ele revelou que não pretendia morar no estado. “Não estava em minha cabeça morar na Bahia, muito menos trilhar a trajetória que trilhei. Era, como todo brasileiro, a vontade de conhecer a Terra Mãe do Brasil, aonde tudo começou”.

Mas foi a paixão pelas terras baianas que o fez permanecer no estado, onde conseguiu seu primeiro emprego na indústria petroquímica como caldeireiro, em Candeias. Também na Bahia iniciou sua militância política, quando conheceu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um congresso de petroleiros, em Salvador, nos anos 80.

Com Lula, intelectuais e lideranças sindicais, Wagner participou da criação do Partido dos Trabalhadores (PT), do qual foi o primeiro presidente na Bahia, e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). “Cheguei aqui jovem, cheio de sonhos. Sonhador da justiça social, da democracia, de um mundo melhor para a nossa gente. São 37 anos de Bahia, criei meus filhos aqui e comecei minha militância partidária, minha vida sindical e política. Sou grato por esse estado e, por isso, me dedico para dar o melhor ao povo baiano, que me recebeu de abraços abertos”.

Trajetória Política

Em 1990 Wagner iniciou a carreira parlamentar. Ao lado de Alcides Modesto, conquistou os primeiros mandatos do PT baiano na Câmara dos Deputados. Reeleito em 1994 e 1998, foi líder da bancada do PT em 1995 e vice-líder entre 1993 e 1998. Dois anos depois, disputou a primeira eleição majoritária, candidatando-se a prefeito de Camaçari. Em 2002, candidato ao governo da Bahia, teve mais de dois milhões de votos.

Jaques Wagner foi ministro do Trabalho e Emprego no primeiro governo Lula e reformulou as políticas de emprego, trabalho e renda, abrindo caminho para a criação de quatro milhões de empregos com carteira assinada entre 2003 e 2006. O combate ao trabalho escravo levou o Brasil a ser destacado na Organização Internacional do Trabalho (OIT) como exemplo a ser seguido.

Ministro da Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, promoveu o diálogo entre o governo, agentes econômicos, sociais e populares, e coordenou a elaboração da Agenda Nacional de Desenvolvimento.

Em 2005, convocado pelo presidente Lula, assumiu o Ministério das Relações Institucionais e ganhou projeção nacional como articulador político e interlocutor do governo junto à sociedade, contribuindo para solucionar a crise política, recompor a base parlamentar do governo e consolidar a aliança que reelegeu Lula em 2006.

Eleito governador da Bahia em primeiro turno, em 2006, introduziu práticas democráticas de gestão, a exemplo da abertura das contas governamentais para o cidadão no portal Transparência Bahia, da eleição direta para diretores e vice-diretores de escolas da rede pública estadual e da descentralização das oportunidades de desenvolvimento.

Em sintonia com o presidente Lula, definiu a área social como prioridade absoluta e reforçou os programas federais de transferência de renda e democratização de bens essenciais como energia elétrica e água. Seu primeiro governo registra avanços expressivos na redução das desigualdades sociais históricas da Bahia como a alfabetização de quase um milhão de jovens e adultos, a redução da pobreza e a geração de mais de 280 mil empregos formais. No ano passado Jaques Wagner foi reeleito com mais de 63% dos votos.

Publicada às 16h35
Atualizada às 20h40