“A maior experiência de minha vida”. Com esse sentimento, o estudante de Enfermagem, Lucas de Jesus Pereira, 20 anos, concluiu a sua atuação no Hospital Roberto Santos, junto com mais 81 jovens do Programa Estadual de Aprendizagem Mais Futuro. Na manhã desta terça-feira (14), eles participaram da solenidade de despedida da unidade, com a presença de representantes das secretarias da Saúde (Sesab) e da Administração (Saeb) e das Voluntárias Sociais da Bahia, órgão responsável pela ação.

Lucas, que disse ter vivenciado sua “maior lição de vida” no trabalho desempenhado na Emergência Adulto, permanece no HRS como estagiário. O Roberto Santos foi unidade pioneira no acolhimento aos jovens do programa Mais Futuro, recebendo uma centena deles em junho de 2009 e outros 30 no ano passado.

A diretora operacional das Voluntárias Sociais, Tânia Lessa, destacou a importância da iniciativa como “um avanço na forma de acolher, humanizar. Vocês hoje são pessoas diferenciadas no mercado de trabalho”. O diretor de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde da Sesab, José Carlos da Silva, considerou a experiência “um sucesso”.

Na unidade hospitalar, os jovens, segundo José Carlos, foram bem acolhidos e puderam desenvolver o que o programa propõe – a vinculação do trabalho com a educação. O diretor de Gestão da Rede Própria da Sesab, Paulo Barbosa, que em 2009 esteve à frente do HRS, disse que os jovens reinventaram, colaborando significativamente para a melhoria dos processos de trabalho. “O impacto foi tão positivo que a Sesab ampliou para outras unidades da rede, e eu espero que vocês façam opção futura de trabalho pelo serviço público em saúde e sigam contribuindo para o fortalecimento do SUS”.

O diretor administrativo do hospital, Lerley Clemant Ladeia, ressaltou os valores aprendidos pelos jovens como a responsabilidade, afinco nas tarefas desempenhadas e respeito às normas, o que lhes dá hoje condição técnica de enfrentar, com muito mais segurança, o mercado de trabalho. O diretor-geral do Hospital Roberto Santos, Paulo Bicalho, apontou o compromisso como o elemento fundamental para remover dificuldades e enfrentar desafios. “Pela postura assumida, vocês podem passar por quaisquer momentos de dificuldade dizendo sim para a realização. O compromisso, principalmente com vocês mesmos, respinga nas relações com a família, com os vizinhos, com os amigos, e essa postura de determinação fará com que os obstáculos no futuro se tornem menores”.

Homenagens

Na solenidade de despedida dos jovens aprendizes Mais Futuro, liderada pela coordenadora de Humanização, Cláudia Romano, foram exibidos dois vídeos. Um institucional sobre o programa e outro reconstituindo fatos da época da chegada dos jovens ao HRS, mostrando a atuação do ponto de vista deles. Todos receberam uma placa, e as cartas que há dois anos escreveram, relatando as perspectivas de vida que tinham naquele momento.

Depoimentos emocionados foram feitos por vários coordenadores e representantes dos diversos setores onde os jovens atuaram, a exemplo da UTI Geral, o Núcleo de Epidemiologia, Ensino e Pesquisa de Enfermagem, Terapia Ocupacional, Estatística, Manutenção, Apoio Administrativo, entre outros. Técnicos que acolheram os jovens, mas que não trabalham no HRS, como Vítor Santiago e Marcelo Souza, também compareceram à homenagem e deram seus depoimentos ao lado das atuais coordenadoras, Lúcia Lima, de Educação Permanente, e Silene Chacra, de Recursos Humanos, e do coordenador do programa no HRS, o psicólogo João Paulo Ferreira.

“Eu me sinto orgulhoso. Naquele dia, era um monte de meninos, hoje alguns estão casados, com filhos, terminando a faculdade”, disse Vítor Santiago, o ‘Amigo da Turma’. Pelos aprendizes falou Laila Lopes, que destacou os ensinamentos recebidos.

Experiências

Inicialmente um “mundo assustador”, o Hospital Roberto Santos acabou se configurando como uma experiência “inacreditável, surreal” para Williams Carvalho Araújo Júnior, 21 anos, sendo determinante para a escolha do curso de Biomedicina, na Faculdade Jorge Amado. “Eu não queria vir, mas depois que entrei descobri que o hospital era outra coisa. Foi um ponto de desenvolvimento para mim. Cresci pessoalmente, e a troca de conhecimento com os profissionais me levou a decidir o que eu realmente queria. O Roberto Santos foi inspiração, a melhor experiência possível”.