A recriação da Bahiafarma como fundação estatal, por iniciativa do Governo do Estado, e a assinatura de uma série de contratos e de protocolo de intenção para produção de medicamentos, além da entrega de ambulâncias odontológicas para dez municípios baianos, marcaram a reunião do Grupo Executivo do Complexo Industrial de Saúde (Gecis). O evento foi realizado nesta sexta-feira (3), na Fundação Luís Eduardo Magalhães (Flem), em Salvador, e contou com a presença do governador Jaques Wagner e do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Normalmente realizada em Brasília, a reunião do Gecis acontece, desta vez, em Salvador, por conta da recriação da Bahiafarma. A empresa, que foi fechada em 1996 e extinta em 1999, terá duas unidades de produção – uma no Centro Industrial de Aratu (CIA) e outra em Vitória da Conquista. As fábricas deverão começar a operar em 2012.

Com a iniciativa, a Bahia volta a estar inserida no cenário nacional como estado produtor de insumos farmacêuticos. Sob a coordenação do Ministério da Saúde e representação de outros cinco ministérios, da Casa Civil e de sete instituições públicas, o grupo busca promover ações concretas para o fortalecimento do complexo produtivo e de inovação da saúde.

Ciência e tecnologia

“Este e um momento histórico, significa a Bahia se antenar com o que o Brasil e o mundo estão fazendo, que é apostar na inovação tecnológica, na pesquisa, na ciência”, afirmou o governador. Segundo ele, é possível a convivência entre o público e o privado. “Nós fazemos isso aqui, na Bahia. Eu considero que a reabertura, na condição de uma fundação estatal e não mais como empresa pública, vai dar mais liberdade à Bahiafarma para funcionar”.

Segundo o governador, a fundação terá não somente a função de produzir medicamentos, mas também de realizar pesquisas na área de ciência e tecnologia e de formar quadros para atuação na área. “Neste primeiro momento, temos a parceria com dois laboratórios privados, o ITF italiano e o Cristália brasileiro, além da Biocen, de Cuba. Eu acredito na saúde pública, e a produção de medicamento é muito importante”.

Atração de investimentos

Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a implantação da Bahiaframa é o primeiro passo para que seja implementada, por meio dessas parcerias, a produção de outros insumos, de outros medicamentos e de vacinas. “Nosso esforço agora é fortalecer a produção de medicamentos no Nordeste. Por isso esta iniciativa na Bahia é fundamental”.

Segundo ele, os benefícios não param por aí. Ele cita a geração de empregos qualificados e possibilidades de qualificação para o trabalho. “O Ministério da Saúde irá formar, até 2014, mais 40 mil profissionais técnicos, com oportunidades para a juventude”.

Padilha destacou também a importância econômica da fundação. “Com medidas desta natureza, passa a ser produzido no Brasil um conjunto de medicamentos, gerando economia de pelo menos R$ 700 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS), que serão aplicados em benefício da população mais pobre do País”.

Parcerias

Já na sua abertura, a Bahiafarma firmou parcerias estratégicas com os laboratórios Farmanguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz, Cristalia e o italiano ITF, estes dois últimos da iniciativa privada. A parceria permitirá a transferência de tecnologia e a produção dos medicamentos Sevelamer, destinado ao controle de fósforo em doentes renais crônicos, e do Cabergoline, utilizado no tratamento de tumores que produzem prolactina. Quando a fábrica da Bahiafarma estiver em pleno funcionamento, devem ser produzidos cerca de 64 milhões de comprimidos do Sevelamer por ano.

Segundo o secretário da Saúde, Jorge Solla, os recursos serão repassados na medida em que cada uma das fases for sendo estabelecida para transferência de tecnologia e a montagem do parque industrial da Bahiafarma. “A produção será inicialmente de 100% no parque da Cristália, e na medida em que for sendo implantado o parque da Bahiafarma, a transferência vai sendo viabilizada”. Ele disse que os remédios serão distribuídos gratuitamente, pelo SUS, em todo o Brasil.

Farmácias populares

Um contrato de gestão entre a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e a Bahiafarma também foi assinado para a implementação do projeto Farmácias da Bahia. O objetivo é criar uma rede de farmácias, em municípios com menos de 30 mil habitantes, para o gerenciamento dos medicamentos da atenção básica. O contrato servirá, entre outras finalidades, para a transferência da gestão das farmácias populares para a Bahiafarma.

Também foi assinado um protocolo de intenções entre o Governo do Estado e a Biocen, empresa estatal cubana de biotecnologia com representação em Campinas (SP). O documento representa a formalização da implantação de um processo de transferência tecnológica na área de biofarmacologia. O objetivo da ação é estruturar um parque industrial destinado à produção de medicamentos e insumos estratégicos para a saúde na Bahia, viabilizando o aporte de recursos técnicos e financeiros.

Ambulâncias odontológicas

Com capacidade para atender, em média, 350 pessoas por mês, cada unidade odontológica móvel é composta por cadeira odontológica, kit de pontas – conhecido popularmente como ‘motorzinho’ -, cadeira, refletor, raio-X odontológico, entre outros equipamentos. Receberam as unidades os municípios Antas, Araci, Barro Alto, Brotas de Macaúbas, Cansanção, Gandu, Heliópolis, Ibititá, João Dourado e Queimadas.

“Estamos distribuindo hoje o Brasil Sorridente Móvel, levando saúde bucal e tratamento dentário, por meio de equipamentos móveis, para as regiões rurais, exatamente onde as pessoas mais pobres estão e não têm acesso ao tratamento odontológico”, disse o ministro Alexandre Padilha.

Segundo o governador, esta é mais uma conquista junto ao governo federal. “A nossa parceria com o Ministério da Saúde é muito grande, e agora são mais dez municípios beneficiados. A recriação da Bahiafarma e as ambulâncias são duas ações, voltadas para a saúde pública e ao SUS, anunciadas no dia seguinte ao lançamento do Brasil sem Miséria, e isso também significa saúde”. 

Publicada às 10h55
Atualizada às 15h45