Ser reprovado em entrevista de emprego por falta de experiência nunca mais será problema para 350 jovens de até 22 anos que estão cursando ou terminaram o ensino médio em escolas públicas e cujas famílias recebem até dois salários mínimos.

Todos eles, que agora vão trabalhar no Tribunal de Justiça (TJ) e estão recebendo capacitação pelo programa Jovem Cidadão, participaram, nesta terça-feira (7), da aula inaugural do projeto realizado por uma parceria entre as Voluntárias Sociais da Bahia e o TJ, com o apoio da Secretaria da Administração (Saeb).

Mesmo antes de começar a trabalhar nos cartórios, durante a primeira fase da capacitação, os jovens já recebem auxílio-lanche, vale-transporte, plano de saúde e um salário mensal de R$ 556, mediante um contrato de trabalho que dura dois anos.

Felipe Santos, 17 anos, já sabe o que vai fazer com o dinheiro. “Vou investir na minha formação. Quero fazer um curso superior de moda, design ou marketing”. Mais do que o dinheiro, ele vê outros benefícios na oportunidade. “Estou aprendendo sobre a importância e as relações no trabalho. Fala-se muito em oportunidade, e esta é uma forma de aprender”.

Camila Silva Miranda, 18 anos, também agarrou a oportunidade e disse que está se empenhando. “Quero aprender aqui o que não aprendi na escola. É meu primeiro curso de capacitação”. Ela declarou que chegou ao curso por meio de uma indicação do Conselho Tutelar, que acompanha sua família no bairro de Praia Grande (subúrbio ferroviário), onde mora.

Força de trabalho

“O Tribunal de Justiça entra nessa parceria com as Voluntárias Sociais e a Saeb ciente do seu papel enquanto responsável pela garantia da cidadania e vê nos jovens uma força de trabalho que levará ao cidadão nosso produto principal, que é a prestação jurisdicional”, afirmou a presidente do TJ, desembargadora Telma Brito. Para ela, os jovens têm grande importância. “Queremos que vocês se sintam valorizados”.

A presidente das Voluntárias Sociais da Bahia, Fátima Mendonça, falou do esforço do órgão para viabilizar o programa. “Esta é a inclusão social que tanto a gente sonha e quer. As ações de inclusão são fundamentais para a inserção do jovem no mercado de trabalho.”

Hoje, as Voluntárias Sociais contam com 1.250 jovens em capacitação e já inseriu outros 500 no mercado de trabalho, por meio de programas como o Jovem Aprendiz, o Jovem Cidadão e o Mais Futuro.

Aprendendo e se desenvolvendo

Segundo o secretário da Administração, Manoel Vitório, os primeiros adolescentes capacitados ingressaram no mercado de trabalho atuando no Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC). “No início, houve resistência dos gerentes e gestores, mas os jovens brilharam e já tem gente entrando para a faculdade. Há cada vez mais jovens aprendendo e se desenvolvendo”.

A seleção foi realizada com a indicação de adolescentes e jovens egressos de projetos sociais, culturais e socioeducativos, encaminhados por organizações não- governamentais (ONGs), Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho, Fundação da Criança e do Adolescente do Estado da Bahia (Fundac) e Centro de Atenção Psicossocial Gey Espinheira.