O Colégio Estadual Gentil Paraíso Martins, em Valença, a 255 quilômetros de Salvador, sediou nesta terça-feira (12) a 1ª Mostra Municipal da Agricultura Familiar, promovida pela Diretoria Regional de Educação de Valença (Direc-5). Durante o evento foi realizada a Chamada Pública para compra dos produtos provenientes da agricultura familiar, que serão utilizados na alimentação escolar nos colégios estaduais de Valença, Gentil Paraíso Martins, João Cardoso dos Santos e João Leonardo da Silva.

A iniciativa é em cumprimento à Lei nº 11.947/09, que determina a utilização de produtos da agricultura familiar em pelo menos 30% da alimentação escolar. A mostra reuniu associações e cooperativas de agricultores familiares, estudantes, educadores e comunidade.

“Faz anos que lutamos para incluir o produto da agricultura familiar na alimentação escolar. Agora, vemos um acerto do governo, porque fixa o produtor em sua terra e paga a ele um preço justo pela mercadoria, além de oferecer melhor qualidade de vida tanto ao agricultor como aos estudantes. Essa é a verdadeira valorização da agricultura familiar”, afirmou o diretor da Cooperativa de Fomento Agrícola de Valença (Coofava), uma das participantes da Chamada Pública, José Carlos da Luz.

A coordenadora de Gestão e Atendimento à Rede da Direc-5, Luana Figueiredo, explicou que a Chamada Pública é resultado de uma articulação prévia com a prefeitura de Valença, entidades públicas e o movimento social que atuam no fortalecimento da agricultura familiar. Isso possibilitou o mapeamento dos produtos por zona, o reconhecimento dos agricultores regularizados, e a análise da capacidade de produção e da demanda que as escolas apresentam.

“Estamos cumprindo a lei, mas o bom mesmo é sentir os benefícios na prática. Temos estudantes, cujos pais já comercializam seus produtos para outras escolas da rede estadual na região. Vemos a roda social girando. É geração de renda e alimentação saudável”, enfatizou Luana.

Na Bahia, as regiões sisaleira, do baixo sul e de Irecê foram as pioneiras no desenvolvimento e esclarecimento da lei para os estudantes e agricultores das localidades. No estado, a agricultura familiar é praticada em 665.831 propriedades rurais e responde pelos seguintes percentuais de produtos que chegam à mesa dos baianos – 83% do feijão, 91% da mandioca, 44% do milho, 52% do leite, 60% das aves, 76% dos suínos e 41% do arroz.

Aprendizado

Para os estudantes, a mostra foi também uma atividade pedagógica. A estudante Virgínia Maria de Jesus, do Colégio Estadual Gentil Paraíso Martins, percorreu os estandes agarrada ao caderno. O desafio era responder às perguntas sobre a alimentação que é servida na escola. “A professora quer que a gente conheça mais a agricultura familiar. Está sendo ótimo porque estou vendo produtos da região que eu não conhecia, e é tudo natural, sem conservantes. O mel, a laranja, tudo o que é bom para nossa saúde. Em minha opinião, o que tem que ser servido na escola é fruta, não pode faltar no cardápio”.

Josenilto Melgaço, colega de Virgínia, reforçou que a grande novidade foi conhecer a fartura da produção local. “Muita coisa é produzida em Valença e eu não sabia. Estou aprendendo aqui nos estandes. Além de hortaliças, do mel, das frutas, do guaraná, ainda tem o artesanato, os cestos, chaveiros. Esse evento é muito bom porque faz as coisas chegarem ao conhecimento do povo e colabora para o desenvolvimento da agricultura familiar da nossa região”.

Produtos

A agricultura familiar é constituída de pequenos e médios produtores rurais, comunidades tradicionais e assentamentos da reforma agrária. Entre os principais produtos oferecidos estão hortaliças, milho, mel, guaraná, mandioca, pecuária leiteira e gado de corte, entre outros disponíveis. “Com o suporte desses produtos, a alimentação escolar está balanceada, rica em nutrientes”, afirmou o diretor de Suprimentos da Secretaria da Educação, Ednelson Marcolino.