Segundo maior produtor nacional de borracha natural, com 32.314 hectares plantados, e produção de 17,2 mil toneladas/ano de borracha seca, o estado da Bahia se prepara para dar um salto qualitativo e quantitativo nos próximos 20 anos.

Esta é a base do Programa de Desenvolvimento do Setor da Borracha Natural do Estado da Bahia (Prodebon), entregue terça-feira (9) ao secretário estadual da Agricultura, Eduardo Salles, durante reunião extraordinária da Câmara Setorial da Borracha, realizada no Espaço Verde da Michelin, no município de Igrapiúna.

Entre as principais metas do programa estão a implantação de 100 mil hectares de seringueiras até 2031, a elevação da produção para 300 mil toneladas/ano e a geração de 34 mil empregos diretos – hoje são 6.557.

O Prodebon vai atender 18,3 mil produtores, em sua maioria da agricultura familiar, e assegurar a autossuficiência da Bahia em borracha natural.

O evento, que se tornou um marco na história da heveicultura baiana, contou com a participação de cerca de 70 representantes de todos os segmentos da cadeia produtiva, presidentes de associações e cooperativas de produtores, vereadores de vários municípios, secretários de Agricultura, além do vice-prefeito de Ituberá, Jan Pryl, e técnicos e diretores da Ceplac.

Ao receber o documento, o secretário afirmou que o programa será apresentado ao governador Jaques Wagner, definindo com os membros da Câmara Setorial da Borracha que o próximo passo será identificar o papel e a responsabilidade de cada elo da cadeia produtiva, e colocar o Prodebon em prática.

“A Ceplac e a EBDA serão fundamentais no desenvolvimento do programa, mas temos que inserir o Ministério do Desenvolvimento Agrário, buscar o apoio e a participação das prefeituras dos municípios dos sete territórios de identidade que estão na área de abrangência do Prodebon, do Banco do Brasil, do Banco do Nordeste e da Desenbahia, além das indústrias pneumáticas instaladas na Bahia”, disse Salles.

Para o diretor-geral da Ceplac, Jay Wallace, o programa é estratégico para a Bahia e para o Brasil. “Ele é uma demanda que vem do próprio setor, da cadeia produtiva, com elaboração da Câmara Setorial da Borracha, um ano depois de sua criação”. Wallace declarou que, se o Brasil não ampliar sua produção de borracha, vai criar um gargalo que poderá esfriar o interesse de montadoras se instalarem no país.

A produção de borracha na Bahia fica no Polo Ituberá (Baixo Sul), no Polo Una (Litoral Sul) e no Polo Itamaraju (Extremo Sul), que está se formando. Mas, com a implantação do programa de desenvolvimento, a heveicultura será expandida para os municípios dos territórios de identidade Agreste, Médio Rio de Contas, Recôncavo e Vale do Jiquiriçá.

O secretário-executivo da Câmara Setorial da Borracha, Ivo Cabral Júnior, explicou que na Bahia estão funcionando quatro indústrias de pneu: a Pirelli e a Vipal, em Feira de Santana, e a Bridgestone e a Continental, em Camaçari. O estado conta apenas com duas indústrias beneficiadoras da borracha, que são a Agroindustrial, em Ituberá, e a Michelin, em Igrapiúna. A maior parte da matéria-prima utilizada pelas pneumáticas da Bahia é importada.

Inclusão social

Um dos responsáveis pela elaboração do programa, o diretor do Centro de Pesquisas do Cacau, Adonias de Castro Filho, destacou, ao apresentar o documento, que o Prodebon é importante para o desenvolvimento do estado, “com inclusão social e erradicação da miséria”.

Ele observou que a lavoura de seringueira consorciada com cacau tem grande rentabilidade, podendo chegar a R$ 13 mil por hectare/ano.