A palma, cacto de maior aproveitamento do semiárido brasileiro, está tendo aumento significativo da produtividade, com a implantação da chamada ‘palma adensada’, no município de Andorinha, distante 48 quilômetros de Senhor do Bonfim. A inovação já pode ser observada em unidades implantadas em propriedades de agricultores, que já cultivam a planta utilizando o manejo tradicional.

A utilização de técnicas simples, adequadas à realidade dos produtores, está mudando o conceito do plantio da espécie do gênero ‘Opuntia ficus-indica’, com a cultivar gigante ou graúda, como é conhecida popularmente a palma.

O Projeto Palmas para Andorinha, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural da Prefeitura de Andorinha, tem o apoio da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia (Seagri).

Vantagens da técnica

Os agricultores da região estão entusiasmados com as vantagens da técnica da palma adensada, que utiliza como base o sistema de cultivo intensivo elaborado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa), desenvolvido pelo engenheiro agrônomo Paulo Suassuna.

“Nosso objetivo é massificar e difundir a técnica do cultivo intensivo para aumentar a produtividade da palma, que serve de alimentação para o gado nos períodos de estiagem”, destaca o idealizador e realizador do projeto, Paulo Roberto de Freitas, técnico em agropecuária da EBDA, em Andorinha.

Ele acrescenta que a produtividade pode chegar a 500 toneladas de palma por hectare/ano, o que dá para alimentar 80 vacas ou 800 caprinos durante cerca de 150 dias de estiagem.

“Com a técnica, o produtor utiliza uma área menor para o plantio, obtendo uma produtividade maior, a um custo menor, liberando outras áreas da propriedade para a diversificação de culturas e implantação de pastagem para os animais”, afirma Marcelo da Paz, diretor de pecuária da EBDA.

A palma adensada é plantada usando espaçamento entre fileiras e raquetes, menor que os normalmente adotados pelos criadores. Em Andorinha, o espaçamento utilizado é de 1,80 m entre as fileiras e 9 cm entre as raquetes. Para uma boa produção, o solo deverá ser arado, corrigido e adubado, por exemplo, com esterco de curral.

Experiência aprovada

Quem atesta a importância do uso da técnica é o agricultor Josafá Gonçalves de Souza, que junto com a família mantém a Fazenda Ipueira do Macio. Antes, ele plantava a palma para alimentação do seu rebanho e só colhia depois de dois anos, mas agora com a nova técnica, após um ano a palma já está no ponto de corte. “Valeu a pena testar a técnica trazida pelo técnico da EBDA. No verão vou plantar uma área nova”, garante o agricultor.

A palma tem grande capacidade de armazenar água, é rica em energia e de fácil digestão pelos animais, que a apreciam muito, chegando a consumir até 10% do seu peso por dia. Ela não deve ser o único alimento oferecido para as vacas, por ter baixo teor de fibras, o que pode causar diarreia.

A alimentação deve ser complementada com outros volumosos, como silagens de milho ou sorgo, feno, pastos secos, bagaço de cana, e com alimentos concentrados como milho moído, farelo de soja, caroço de algodão, entre outros.