Agricultores familiares do Território de Cidadania Litoral Sul, selecionados para participar do projeto de incentivo à produção orgânica de leite (bubalinos e bovinos) sob os princípios da agroecologia, foram beneficiados, esta semana, com a doação de 540 mudas de cacau e de outras seis variedades de frutas, compradas com recursos do projeto para serem utilizadas na recuperação de áreas degradadas, matas ciliares e nascentes de recursos hídricos.

O projeto é coordenado pelos médicos veterinários Antônio Vicente Dias e Farouk Zacarias, da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vinculada à Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), e é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Na região sul do estado, os agricultores beneficiados, Pedro Wencelau, do Sítio Bom Jesus, em Itapé, e João Bispo, da Fazenda São Jorge, em Buerarema, são acompanhados pelo técnico em agropecuária da EBDA, do escritório local de Itabuna, Nelson Fernandes Moura. Ele forneceu orientações técnicas para o plantio das mudas, definindo o melhor espaçamento destinado ao cultivo, a necessidade de adubação orgânica, com esterco de gado, e a dimensão utilizada nas covas.

Segundo o técnico, as mudas foram adquiridas no Instituto Biofábrica de Cacau, em Itabuna, e são certificadas, oferecendo garantia quanto às melhores características genéticas, fitotécnicas e fitossanitárias. “Estamos plantando em forma de Sistema Agroflorestal (SAF), utilizando mudas de cacau, graviola, goiaba, pinha, cupuaçu, pau d’arco e eucalipto”.

Além de gerar renda para os agricultores, com a futura comercialização das frutas, o sistema servirá como reserva legal das propriedades, atendendo a uma exigência dos órgãos ambientais.

Produção orgânica de leite

O projeto foi implantado na região sul há cerca de quatro meses, quando cada um dos agricultores participantes recebeu, em forma de empréstimo, um kit com três búfalos (um macho e duas fêmeas), com o objetivo de avaliar o desempenho dos animais na região e desenvolver, com a participação dos agricultores familiares, um modelo de produção orgânica de leite.

De acordo com o produtor Pedro Wencelau, os búfalos já estão bem adaptados. “Quando recebi fiquei assustado com o porte dos animais, mas me surpreendi, ao longo desses meses, com o jeito dócil e de fácil manejo deles”. As duas búfalas chegaram prenhas e, por isso, a expectativa ainda gira em torno da gestação dos animais, completada no período de 10 meses. “Depois que os bezerros nascerem teremos leite de búfala para vender e, com certeza, dias melhores estão por vir”.

Os agricultores inseridos no projeto trabalham há alguns anos com a cadeia produtiva de leite bovino. Eles participam de um grupo composto por 18 pequenos produtores, cuja produção forma a linha de leite de Itamaracá, distrito de Itabuna, com uma produção média de dois mil litros de leite, por dia, vendidos principalmente para programas de erradicação da pobreza do governo federal. A EBDA desenvolve, na região – que tem clima favorável para a produção de leite -, trabalhos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) com esses produtores.