A Casa Afrânio Peixoto (Lençóis), em parceria com o Ponto de Cultura Ciranda Cultural, exibe nesta sexta-feira (12), às 18h30, três documentários sobre o Jarê, com a participação do professor Ronaldo de Salles Senna, autor de tese de doutorado sobre a essa expressão da religiosidade da Chapada Diamantina.

Os documentários que poderão ser vistos pelos lençoense são:

“Jarê – Candomblé de Caboclo na Chapada Diamantina”, de Adroaldo Cruz, que mostra a história do Jarê ligada à cultura e a identidade de um povo, sendo um candomblé de caboclo com referências de Orixás, demonstrando a resistência e a emancipação cultural, social e étnica que se difundiu pela formação do garimpo de diamantes.

“Curandeiros do Jarê”, de Marcelo Abreu Góis. No filme, Ademário, Ogan da Casa de Jarê de Pai Gil de Ogum, inicia uma jornada de fé e coragem em busca da cura de uma grave doença cardíaca. Durante sua busca, o mundo físico e o espiritual estão unidos e as fronteiras das experiências terrenas são eliminadas, aproximando os vivos, os mortos e os encantados.

“Jarê”, de Delmar Alves de Araújo, discute a preservação da memória cultural de Lençóis, especialmente na região Quilombola do Remanso, ressaltando o potencial turístico do lugar e as interferências sofridas.

Religião de matriz africana

Jarê é uma religião de matriz africana que existe na Chapada Diamantina. Segundo o pesquisador lençoense Ronaldo de Salles Senna, o Jarê surgiu nas cidades de Lençóis e Andaraí, por iniciativas das mulheres nagôs, nome pelo qual é conhecida na região a etnia à qual pertenciam as senhoras africanas escravas e alforriadas trazidas para a Chapada, bem como seus descendentes.

Senna em seus estudos destaca que as nagôs foram responsáveis por misturar diversas influências religiosas, como o catolicismo popular e práticas tradicionais ligadas ao curandeirismo, com fundamentos de candomblés banto e de caboclo, numa composição particular da qual floresceu o Jarê que existe na Chapada Diamantina.