A entrega de imagens sacras restauradas pela equipe de especialistas do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), autarquia da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), inicia, nesta quinta-feira (1º), as comemorações pelos 45 anos de criação do órgão, que só terminam em setembro de 2012. O instituto é responsável pela implantação da política pública de salvaguarda dos bens culturais baianos, sejam eles materiais ou imateriais.

O Ipac entregará à Paróquia de Nossa Senhora das Candeias de São Sebastião do Passé, município localizado a 58 quilômetros de Salvador, um Cristo crucificado, de 30 centímetros de altura, uma Nossa Senhora da Encarnação, de 1,18 metros, e um livro-escultura de madeira, de 22 X 29 centímetros, representando uma bíblia.

Além disso, técnicos da Coordenação de Restauro de Elementos Artísticos restauraram uma Nossa Senhora do Pilar do século 18, de 86 X 36 centímetro feita em madeira de cedro, com anjos ao redor, coberta com véu verde e manta branca com detalhes dourados.

A programação continua no próximo dia 13, data da fundação do Ipac, quando será lançado, no Palácio Rio Branco, em parceria com o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB)/ seção Bahia, o Concurso Nacional de Ideias para a Requalificação dos Largos do Pelourinho.

No dia 14, o Conselho Estadual de Cultura da Bahia, no Palácio da Aclamação, promove o projeto ‘Conversando sobre Patrimônio’, com temática sobre a Arqueologia na Bahia. O palestrante será o professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e PhD pelo Instituto de Arqueologia da Universidade de Coimbra, Carlos Etchevarne.

No dia 15, o Ipac participa da exposição ‘A Céu Aberto: a louça de Coqueiros’, que será aberta no Instituto Mauá do Pelourinho. No dia 16, às 19h, acontece abertura da exposição Circuitos Arqueológicos da Chapada Diamantina, projeto realizado via parceria entre Ipac e Ufba, no Solar Ferrão, no Pelourinho. O evento tem o apoio das prefeituras municipais de Lençóis, Iraquara, Seabra, Morro do Chapéu, Palmeiras e Wagner.

No período de 24 a 30 de setembro, equipes multidisciplinares do Ipac participam das Conferências Territoriais da Secult, nos municípios de Jacuípe, Serrinha e Cícero Dias. No dia 30, o órgão lança seu novo site, com visual mais contemporâneo, novo ordenamento e buscas, acervo e exibição videográfica, downloads de publicações, entre outras melhorias técnicas.

Instituto 

A primeira sede do Ipac foi no Largo do Pelourinho, nº 12, a partir de 1967. Em 1980, a fundação se tornou instituto, passando a funcionar no Solar Ferrão, tombado pelo Iphan. Em 2006, é transferido para outros imóveis dos séculos 18 e 19, recuperados para usos contemporâneos, um deles, o Mirante do Saldanha, que sedia a diretoria geral do Ipac e está localizado nas imediações do Viaduto da Sé, entre as ruas 28 de Setembro e Saldanha da Gama, próximos ao Liceu de Artes e Ofícios.

Nos últimos 40 anos, o Ipac desenvolveu dinâmicas e ações sociais, culturais, de obras de restauração e conservação predial em toda a Bahia, promoção científica, educação patrimonial, publicação de livros, produção de videodocumentários e se responsabilizou por várias etapas de recuperação do Centro Histórico de Salvador que, por seu conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico passou à condição de patrimônio nacional em 1984, tendo reconhecimento pela Unesco como Patrimônio Mundial em 1985.

Ao longo desses 45 anos, a trajetória do Ipac está indissoluvelmente ligada às histórias de vida que se constituíram no período, aos principais acontecimentos e às teias de relações entre proprietários, ocupantes, comerciantes, moradores e visitantes dos locais onde fez obras como Pelourinho, Terreiro de Jesus, Cachoeira, São Félix e outras cidades baianas. Do Pelourinho, o Ipac expandiu suas ações de salvaguarda para 19 dos 27 territórios de identidade da Bahia.

O Ipac também lançou os Editais, que possibilitaram a participação efetiva da sociedade civil na salvaguarda dos bens culturais da Bahia. De 2007 a 2011 beneficiaram cerca de 200 municípios. Foram investidos R$ 2 milhões do Fundo de Cultura período 2008-2010. O órgão avançou ainda na salvaguarda do patrimônio imaterial, com o registro de manifestações fortemente ligadas à cultura local como os cortejos de Santa Bárbara e do Dois de Julho, além da Capoeira e do tombamento dos terreiros de candomblé.