As obras para a criação do Museu do Nordeste estão aceleradas no município de Itapicurú, localizado no norte da Bahia, próximo ao limite com Sergipe, cerca de 200 quilômetros de Salvador. Trata-se de iniciativa do atual proprietário do antigo Engenho Santo Antônio do Camuciatá, Álvaro Dantas, a partir de um edital do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), e que vai transformar o solar dos seus antepassados em um espaço museográfico para visitação pública.

A ideia do proprietário é implantar o Museu do Nordeste envolvendo esferas públicas e privadas, ativando áreas do turismo, educação, meio ambiente, saúde, segurança, cultura e entretenimento. A intenção é ter espaço para lazer, cultura e ações educativas, enriquecendo e desenvolvendo a cultura da região com eventos, cursos, palestras e exposições.

Tombado pelo Ipac desde 1994, o casarão é datado de 1894, está em terras que pertenceram à famosa Casa da Torre e foi uma das sedes baianas na luta pela independência do Brasil. Em estilo neoclássico, o imóvel detém rico acervo com mobiliário antigo, arte sacra, pratarias, livros antigos, quadros, objetos de arte decorativa, documentos e indumentárias dos séculos 18 e 19. Retratos a óleo, jarras, bacias e utensílios de louça portuguesa completam a lista.

Projetado pelo engenheiro baiano José Ramos, o prédio lembra uma pequena vila toscana com hall central e planta simétrica. O casarão foi construído entre 1888 e 1894 por Cícero Dantas Martins, o Barão de Jeremoabo, deputado do império e senador estadual. “Vamos utilizar o espaço para promover cultura e desenvolvimento social, fortalecendo a cidadania e divulgando a história regional, da Bahia e do Brasil”, ressalta Álvaro Dantas. A expectativa é terminar as obras no mês de novembro deste ano.

Restauração 

O imóvel está passando por restauração graças aos editais do Ipac, viabilizados com recursos do Fundo de Cultura como ação de fomento da Secretaria de Cultura do Estado (Secult). Para os serviços prediais estão sendo investidos R$ 500 mil. A reforma do casarão é um dos 72 projetos aprovados pelos editais do Ipac em diversos municípios da Bahia. São propostas de educação patrimonial, inventários e registros de bens culturais, difusão e dinamização de patrimônios tombados.

Estão sendo realizados serviços de restauro da cobertura, esquadrias, assoalhos, remoção de forros, descupinização e estabilização estrutural, além de recuperação do piso da varanda. As peças do acervo do solar foram mapeadas e acondicionadas em local apropriado. Já foram removidos o forro e as madeiras que estavam comprometidas e o telhado já recebeu serviços de carpintaria. A execução está a cargo da empresa Domo Arquitetura e Projetos Culturais, contratada pelo proponente. “É grande a satisfação de saber que a Bahia pode contar com mais um monumento dessa importância”, comemora Dantas.

Editais 

De 2007 a 2011 os editais do Ipac já beneficiaram cerca de 200 municípios. Já foram investidos R$ 2 milhões do Fundo de Cultura em editais do instituto no período 2008-2010. “Os editais permitem que a sociedade civil participe das políticas públicas culturais, garantindo ferramentas transparentes e democráticas na distribuição de recursos”, explica o coordenador de Editais do Ipac, Layno Pedra.

Mais informações sobre a reforma do Casarão de Jeremoabo podem ser obtidas com o proponente Álvaro Dantas, no telefone (71) 9912-1152. Sobre os editais do Ipac, as informações podem ser recebidas pelos telefones (71) 3117-6491 e 3117-6492, ou no endereço eletrônico astec.ipac@gmail.com.

Local foi quartel que recebeu general Labatut

Em 15 de outubro de 1754, o Engenho Camuciatá, propriedade que pertencia à família da Casa da Torre – do castelo Garcia D’Ávila em Praia do Forte – foi vendido ao português Baltazar dos Reis Porto. Outro proprietário, o capitão-mor João d’Antas, teve participação na Independência da Bahia (1823), fazendo do local quartel que recebeu o general Labatut e organizou batalhão de 500 homens para aclamar D. Pedro I, imperador do Brasil, em Cachoeira.