Empresários e trabalhadores da área de turismo estão reunidos em São Francisco do Conde para discutir o potencial da cidade para o turismo étnico. Organizado pela Secretaria do Turismo do Estado (Setur), o seminário regional segue até esta quinta-feira (4), na Câmara dos Vereadores. Na pauta do evento, a discussão sobre empreendedorismo e exemplos bem-sucedidos do turismo étnico-afro.

Uma das experiências do segmento é o Grupo Cultural de Marisqueiras e Pescadores de São Francisco do Conde, que abriu o evento mostrando a magia do samba de roda para baianos e turistas visitantes da cidade. O grupo será tema de discussões juntamente com o Corredor Cultural do Curuzu, originado no bairro da Liberdade, em Salvador, e o quilombo Jatimani, da Costa do Dendê.

De acordo com a superintendente de Serviços Turísticos da Setur, Cássia Magalhães, o seminário regional tem o objetivo de desenvolver a economia local a partir do potencial turístico e integra o programa de desenvolvimento da Baía de Todos-os-Santos (BTS), com a implantação de um futuro distrito cultural e turístico.

“Queremos usar a nossa herança cultural para desenvolver o mercado de trabalho e consolidar atrativos turísticos junto aos quilombolas, povo de santo e capoeiristas, entre outros. Além disso, usar a nossa arquitetura, gastronomia e cultura para desenvolver o turismo sustentável na BTS”, enfatizou a superintendente.

O coordenador de Turismo Étnico da Bahiatursa, Billy Arquimimo, destacou a capacitação profissional como importante quesito para o desenvolvimento da baía. “A nossa intenção é desenvolver o potencial da cultura de matriz africana, ligando-a ainda mais ao turismo, especialmente no Recôncavo, e o melhor instrumento para isso é a capacitação dos nossos trabalhadores”.

Capacitação

Anteriormente foram realizados seminários regionais em Maragojipe, Santo Amaro e Cachoeira, reunindo cerca de mil pessoas. A próxima edição será em Salvador, nos dias 17 e 18 deste mês, em local a ser confirmado. Os encontros antecedem à realização de uma série de capacitações que vão beneficiar 1,2 mil empresários e trabalhadores, a partir de setembro, com cursos de empreendedorismo, garçom, cozinheira e camareira, além da abordagem de temas como identidade e patrimônio cultural e herança africana.

Para o pai de santo Anailton dos Anjos, do terreiro Ilê Axé Sarapocan, a participação no seminário e nos cursos oferecidos pela Setur propiciará a implantação de um projeto de produção associada ao turismo. “Muitos turistas que querem conhecer a vida e os costumes do povo de santo procuram o meu terreiro. Recebo visitantes todas às segundas-feiras e sábados, das 8 às 17h, e agora vou conseguir abrir campo para a comercialização de lembranças”.

Além dos terreiros, alguns dos principais atrativos do turismo étnico-afro em São Francisco do Conde são a comunidade quilombola Paparuta, que realiza um receptivo gastronômico para seus visitantes, e os grupos de manifestações culturais como o Lindro Amor, com apresentações sempre no dia de São Cosme e São Damião (27 de setembro), durante o caruru do grupo, e nas festas da cidade. Também a Associação Cultural José Vitório dos Reis, conhecido como Viola Manchete, que difunde o samba de roda.