Apagar a luz, fechar a torneira, desligar computadores e aparelhos de ar-condicionado sem uso. Os servidores estão mesmo de olho no desperdício. Ações como essa já fazem parte da rotina dos ‘ecotimes’, que são servidores de secretarias e órgãos públicos que, voluntariamente, acompanham o consumo de água e energia e incentivam a utilização responsável.

Na tarde desta segunda-feira (12), eles se reuniram no auditório da Fundação Luís Eduardo Magalhães (Flem), no Centro Administrativo de Bahia, em Salvador, onde foram discutidas estratégias para otimização do trabalho que desenvolvem. O programa de racionalização do consumo de água e energia nos prédios públicos estaduais é coordenado pela Secretaria de Administração do Estado (Saeb).

De acordo com o secretário Manoel Vitório, a intenção é ampliar o programa, que “nasceu da ideia de combater o desperdício, mas criou uma relação com os servidores. Eles estão se envolvendo com o projeto de tal forma que já fazem ações efetivas dento de suas unidades. A partir de agora, partiremos para aquelas unidades que prestam serviço na ponta como hospitais e escolas, onde também temos ações em andamento”.

No encontro foram premiados os grupos que tiveram melhor desempenho desde a instituição do programa em 2008. Na redução de energia elétrica quem ganhou foi o grupo da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), que passou a consumir 60% menos em comparação com meses anteriores à implantação do programa.

O troféu motivação para aqueles com maior proatividade ficou com servidores da Secretaria da Segurança Pública (SSP). O grande destaque do encontro foi a equipe do Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia (Derba), premiada no quesito redução no consumo de água, chegando a uma diminuição de 70% nos últimos três anos.

Destaque no combate ao desperdício e eficiência energética

A equipe do Derba realiza a contagem dos medidores diariamente – vai até o equipamento, analisa os números e lança o que foi gasto no dia no sistema desenvolvido especialmente para o acompanhamento dos dados – o software aguapura vianet, criado pelo laboratório de tecnologia limpa da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (Ufba). O programa mostra um gráfico com o consumo destas unidades.

Para o coordenador de serviços gerais do órgão, Robson Walsh, o sistema facilita o acompanhamento dos gastos. “Esta análise não era feita desta forma diariamente. Agora, conseguimos identificar o problema e resolver de forma mais eficiente”.

Antes da implantação do sistema, o departamento gastava 80 metros cúbicos de água por dia. Atualmente, chega à marca de 18 metros cúbicos. Para atingir este resultado, o ecotime implantou fiscalizações periódicas em lugares com grande possibilidade de vazamento de água como banheiros, torneiras e vasos sanitários.

Os aparelhos de ar-condicionado são limpos a cada três meses, o que promove menos gasto de energia e desligados pouco depois do fim do expediente. Os elevadores de serviço do prédio também são retirados de funcionamento às 18h, o que resulta em economia financeira e preservação do meio ambiente.

A Secretaria da Educação passará a contar com o sistema. Até o momento, 597 escolas estão cadastradas e 5% já fazem o acompanhamento diário. O mesmo acontecerá com as unidades de saúde, que possuem 49 cadastradas no estado. Destas, 11 lançam os dados diariamente.

Programa aguapura vianet

Criado pela Ufba em 2004, o software aguapura vianet acompanha o consumo de 30 órgãos do Centro Administrativo da Bahia (CAB) – pelo menos 70% do consumo é por uso de ar-condicionado. A instituição dá suporte e oferece treinamento para os servidores aprenderem a manusear o programa e controlar o consumo.

Grande parte do gasto exacerbado das unidades está relacionada a problemas elétricos ou hidráulicos como fissuras em tanques e boias quebradas. Para o coordenador executivo do programa, Francisco Lessa, ainda há um longo caminho para a reeducação ambiental. “Reformas, consertos e reparos são mais efetivos e resultam em menos perdas. Mas, o grande problema mesmo ainda é a falta de conscientização”.