Das mãos calejadas de 152 trabalhadores rurais do município de Condeúba, a 660 quilômetros de Salvador, no sudoeste baiano, acostumados a labutar na roça, debaixo de sol a pino, surgiu, aos poucos, a maravilhosa arte de transformar a mandioca em apetitosas iguarias.

São beijus de diversos sabores, biscoitinho ‘avoador’, de polvilho doce e de sequilho, conhecidos como ‘biscoitinhos de amor’ – uma receita de várias gerações –, que vêm ganhando mercados no interior baiano, como nos municípios de Vitória da Conquista, Belo Campo e Piripá.

A história de sucesso desses produtos regionais é contada por pessoas como dona Ivani Costa Vale, 27 anos, moradora do povoado de Sumidouro, no município de Cordeiros, durante a Exposição Agropecuária e Feira de Negócios (Expofenita 2011), que acontece até o dia 2 de outubro, no Parque de Exposição Antônio Setenta, no município de Itabuna.

Junto a mulheres e homens de várias comunidades rurais da Bahia, dona Ivani integra a Cooperativa dos Produtos dos Derivados da Mandioca (Cooperman). “A gente só trabalhava com o plantio de feijão e milho. Mas, depois, com o incentivo do governo, pudemos montar nossa própria unidade de produção e ampliar a renda”, disse a agricultora.

Segundo ela, tudo começou em 2006, quando o governo estadual, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), da Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (Sedir), apoiou a formação da cooperativa, no âmbito do antigo programa Pró-Gavião, que atualmente tem suas ações continuadas com o Gente de Valor (Programa de Desenvolvimento de Comunidades Rurais das Áreas mais Carentes do Estado da Bahia).

“No início, não tínhamos nada. Com o projeto da CAR, recebemos equipamentos que permitiram trabalhar com a produção dos derivados da mandioca”, informou a cooperada.
Depois, explicou, a empresa deu assistência à produção e, no ano passado, todas as máquinas da cooperativa foram reformadas. “A prensa, que era manual, passou a ser eletrônica, e o ralador de ferro que enferrujava, agora passou a ser de inox”.

Merenda escolar

Houve também, de acordo com Maria Dultra, 38 anos, moradora do povoado de Morrinhos, a 22 quilômetros de Condeúba, a melhoria no sistema de tratamento de água para desenvolvimento da atividade e a aquisição de uma estufa, apropriada para secar o polvilho.

“O governo investiu ainda em cursos de especialização voltados para a área de produção. Por isso, nossos produtos vão para a merenda escolar de alunos da região, são comercializados com a Conab, órgão federal, e participaremos ainda do Pnae, programa que apoia a comercialização de produtos da agricultura familiar”, afirmou Maria Dultra.

A venda dos produtos da Cooperman, segundo as agricultoras, chega, em média, a 150 quilos por semana. “Vendemos para várias cidades e ganhamos cerca de R$ 5,6 mil por mês. Já possuímos o selo da agricultura familiar e queremos ganhar, cada vez mais, mercados, ampliando nossa renda e capacidade de produção”, afirmou Maria.