Gilvânia Cristina dos Santos, 30 anos, é portadora de insuficiência renal e há sete meses se submete a sessões de hemodiálise, enquanto espera uma doação de rim para transplante. Nesta terça-feira (27), quando se comemora o Dia Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos, ela participou, no Campo Grande, do evento ‘Abraço da Vida’, uma iniciativa da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), por meio da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO), com o apoio do Hospital Universitário Professor Edgar Santos (Hupes), do Day Horc, da Fundação José Silveira e de algumas escolas parceiras da secretaria no incentivo à doação de órgãos.

Na ocasião, Gilvânia falou sobre as diversas mudanças em sua vida desde que começou a fazer hemodiálise, e fez um apelo à população para que seja solidária e “diga sim para a doação de órgãos, demonstrando que tem amor ao próximo”. Ela trabalhava como operadora de caixa e teve de deixar o trabalho devido à doença, mas mostra-se otimista em relação ao transplante. “Espero com paciência por um doador”, disse, informando que sua mãe também precisou de hemodiálise e depois de três anos conseguiu fazer o transplante.

O ‘Abraço da Vida’ integrou a programação da Semana de Mobilização pela Vida, que tem como principal objetivo chamar a atenção da população para a importância da doação de órgãos, além de difundir informações e prestar esclarecimentos sobre o processo de doação e transplante de órgãos. Durante toda a manhã, no Campo Grande, profissionais de saúde, instalados num estande, prestaram esclarecimentos sobre a prevenção de doenças da córnea, das hepatites B e C e de doenças renais e distribuíram material educativo.

Também foram disponibilizados serviços como aferição de pressão arterial e de glicemia e orientação nutricional. No encerramento, os participantes deram um abraço simbólico na praça.

Fila de espera

O jornalista Zanoni Sampaio disse que ações desse tipo são muito interessantes, porque possibilitam o acesso das pessoas a vários exames. Com 50 anos de idade, ele garantiu que faz exames de rotina, mas aproveitou a oportunidade para realizar o teste de glicemia, medir a pressão arterial e receber orientação nutricional. Com a pressão “um pouco baixa” e cerca de 10 quilos abaixo do peso ideal, Zanoni recebeu as orientações necessárias, inclusive uma dieta a ser seguida.

A Semana de Mobilização pela Vida é parte da campanha nacional pelo Dia Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos, comemorado no dia 27 de setembro, dia dos santos gêmeos, Cosme e Damião, considerados patronos dos transplantes. Segundo o coordenador do Sistema Estadual de Transplantes, Eraldo Moura, em todos os estados brasileiros são realizados eventos sobre o tema, na última deste mês.

A Bahia possui cerca de 3.740 pessoas em fila de espera para transplante e um índice médio de 60% de negativa familiar para doação de órgãos e tecidos. Este ano, de janeiro até agora, foram registradas 50 doações de múltiplos órgãos, enquanto em todo o ano passado foram 57 doações.

Segundo Eraldo Moura, a falta de informações adequadas sobre o processo de doação e transplante de órgãos ainda é um dos principais obstáculos para a ampliação do número de transplantes e a consequente redução da fila de espera pelo procedimento. “A Bahia registra um grande índice de negativa familiar, mas é importante lembrar que uma doação pode salvar inúmeras vidas, e que qualquer pessoa pode precisar de um transplante, portanto, de uma doação”.