Conhecer de perto elementos da História da Bahia e do Brasil e participar de atividades culturais, circenses e de muitas brincadeiras. É assim que mais de mil crianças vão comemorar a Semana da Criança no Pelourinho, promovida pelo Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), órgão da Secretaria de Cultura do Estado (Secult). Até o dia 12 de outubro, sempre das 14 às 17h, o roteiro começa na Ladeira do Taboão, finalizando no Largo Pedro Archanjo.

Participaram da ‘visita guiada’ desta quinta-feira (6), 200 crianças, alunos das escolas municipais Vivaldo da Costa Lima, no Pelourinho, e Jandira Dantas, no bairro Palestina, e dos projetos sociais Mãe Hilda, do Curuzu, e Miúdos da Ladeira, sob direção do Theatro XVIII. As visitas são acompanhadas por dois guias mirins, jovens residentes do Pelourinho, e pela Banda Alegria.

Jucilene Santana Santos, 9 anos, da escola Vivaldo da Costa Lima, pôde conhecer melhor o que são os casarões que ela apenas via de passagem rápida ou pela televisão. “Vi onde fica a Fundação Mestre Bimba, a Casa de Jorge Amado, a sede da Banda Didá. Gostei demais de tudo, da música e das brincadeiras. Vou contar para os meus colegas que eu vim aqui e o que eu conheci”.

Brincadeiras ensinam cidadania e respeito

Da mesma escola, Malcolm Ramsés gostou mais da parte das brincadeiras, dirigidas por animadores profissionais e artistas e professores do Circo Picolino, ao som de clássicos infantis como A Arca de Noé, que reúne composições de vários autores consagrados da MPB, e Os Saltimbancos, de Chico Buarque de Hollanda. Encantou Malcolm andar na corda bamba, manusear malabares e construir uma pirâmide humana.

“Hoje eu brinquei, me diverti, participei de atividades culturais, conheci o Pelourinho, um monte de coisas que tem aqui na cidade. Está todo mundo brincando, se divertindo. Para mim é uma alegria”.

A diretora do CCPI, Arany Santana, disse que, atualmente, as brincadeiras de roda, as canções infantis e o contato entre as crianças não são tão naturais e constantes como antigamente. “Nosso trabalho é também resgatar este tipo de brincadeira inocente. Hoje, as crianças mal se tocam nas brincadeiras, quando se tocam, já estão aprendendo outras coisas. É por isso que muitas engravidam cedo, aos 13 anos de idade, ou até antes.”

Educação

Santana explicou que o objetivo da comemoração é presentear os participantes com um trabalho educativo. “Eles vivem nas salas de aula dos bairros periféricos, e conhecer o Centro Histórico e o Pelourinho é conhecer a história da cidade, da Bahia e do seu país. Toda e qualquer atividade para a infância tem que ter cunho educativo.”

Psicóloga e coordenadora do Projeto Miúdos da Ladeira, Regina Celi Carvalho afirmou os benefícios das brincadeiras. Segundo ela, as crianças, em função das atividades lúdicas, têm condições de se expressar de forma não verbal. “E por meio dos símbolos, que as crianças podem demonstrar uma dificuldade enfrentada em casa ou uma emoção. Isso facilita. É um mecanismo para trabalhar o desenvolvimento dessas crianças, que aprendem o respeito, a ética e a serem cidadãos.”

Neojibá leva música clássica a alunos de escolas públicas

Neste mês da criança, a Orquestra Neojibá, que reúne jovens de 9 a 22 anos, também encantou 850 alunos de 20 escolas públicas e projetos sociais de Salvador. A apresentação, realizada nesta quinta-feira (6), no Teatro Castro Alves, foi um concerto didático, no qual o maestro Helder Passinho mostrou cada um dos instrumentos de uma forma divertida, provocando a participação da plateia que, animada, correspondeu.

Aluna da Escola Comendador Bernardo Martins Catharino, Vitória dos Santos, 13 anos, procurava acompanhar o som do violino em meio aos outros instrumentos. “Aprendi muito sobre música, e gostei principalmente do violino, que parece com a viola, mas é bem menor.”

Diretor do Neojibá, o maestro Ricardo Castro disse que a apresentação foi possível devido ao patrocínio, que, desde o ano passado, coloca ônibus à disposição da orquestra para que as crianças possam encher o teatro. Este ano, são três concertos – o desta quinta e os dos dias 9 de novembro e 7 de dezembro. “A orquestra também é de crianças e o programa é preparado para elas. Há uma conversa entre o maestro e o público e o nosso sonho é que muitos desses meninos que estão na plateia estejam um dia no palco, tocando.”

Patrimônio

O maestro acredita que a música clássica está ao alcance de todos e, para ele, este tipo de arte não participa ainda do cotidiano destas crianças. “A música passa a fazer parte quando é oferecida e está presente. A criança gosta. Essas obras são patrimônio da humanidade. Eu fico muito surpreso de ver que, muitas vezes, as crianças conhecem algumas dessas músicas por meio de desenhos animados”.

Nesse sentido, para Castro, “o Governo do Estado tem feito um trabalho incrível. O Teatro tem o Domingo no TCA, com ingresso a R$ 1, trazendo gente de toda a região metropolitana, e estamos trabalhando nessa direção, ensinando para estas crianças o que é o Teatro Castro Alves, a sua importância histórica, pois é um patrimônio da cidade.”