Representantes do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas e diversas autoridades brasileiras e estrangeiras, entre elas o governador da Bahia, Jaques Wagner, participaram na manhã desta segunda-feira (7), no Hotel Catussaba, em Salvador, da inauguração simbólica do Centro de Excelência Contra a Fome, do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA/ONU). O órgão é a maior agência humanitária do mundo – fornece anualmente alimentos a mais de 90 milhões de pessoas em 70 países, incluindo 58 milhões de crianças.

Instalado em Brasília, o centro usará as experiências do PMA e do Brasil na luta contra a fome para auxiliar governos da África, Ásia e América Latina a desenvolver programas de alimentação escolar sustentáveis, além de apoiar outras redes de alimentação e segurança alimentar e nutricional em todo o mundo. Durante o evento, foi assinado um memorando de entendimento entre o Brasil e o PMA para promoção de cooperação técnica em países em desenvolvimento.

Segundo Wagner, o exemplo maior que o Brasil dá e que deve ser seguido é a decisão política tomada pelo ex-presidente Lula de não se conformar com a existência de pessoas passando fome no mundo. “É a partir daí que se criam formas e programas para o combate ao problema da fome”. Para ele, o Fome Zero e o Bolsa Família são a raiz do desenvolvimento por que passa o Brasil. “A Bahia recebe anualmente R$ 2,5 bilhões por meio do Bolsa Família, o que representa 10% do orçamento total do estado. Isso é dinheiro na veia dos municípios que não têm renda própria e que a dona-de-casa leva para a feira, para o mercado, fazendo girar a roda da economia”, afirmou o governador.

Bahia é um dos estados brasileiros que mais reduziram a pobreza

Na Bahia, 268 mil famílias foram incluídas no programa Bolsa Família, incrementando em R$ 72 milhões a transferência mensal de renda para as pessoas pobres no estado. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea 2010), 970 mil baianos saíram da condição de pobreza. O programa Água para Todos levou água para mais de 2,8 milhões de baianos. O Governo do Estado também investiu R$ 19,5 milhões na aquisição de alimentos por meio do Leite Fome Zero e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que já beneficiaram mais de seis mil agricultores familiares e mais de 200 mil pessoas.

Com o Produzir, outros R$ 125 milhões já foram investidos no apoio a quase 1.100 projetos comunitários de geração de renda, beneficiando 105 mil famílias em 334 municípios entre 2007 e 2010. Outra ação do governo baiano foi a inclusão dos produtos provenientes da agricultura familiar no cardápio da merenda escolar.

Para a diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, Josette Shiran, é fantástico estar em Salvador, “uma das cidades consideradas patrimônio histórico da humanidade pela Unesco e uma das regiões do Brasil que vêm trabalhando nessa tarefa, onde se veem os números de redução da pobreza e da fome. As nações sentem que esse modelo brasileiro é algo poderoso, que pode ser adaptado às suas circunstâncias, e esse centro de excelência pode acelerar essas ações”.

Países devem criar seus próprios programas a partir da experiência brasileira

O vice-ministro da Educação de Moçambique, Augusto Jones Luís, veio da África para adquirir o know-how brasileiro. “Moçambique é um país recém- independente e que, após a independência, passou por uma guerra de 16 anos. Há uma cooperação entre o meu país e o Brasil para a nossa reconstrução, e a área da merenda escolar vai ajudar a reduzir a evasão nos colégios. Estamos montando um programa com dois consultores brasileiros, para que as ações de alimentação escolar façam parte de uma estratégia multissetorial, envolvendo educação, saúde, indústria e comércio”.

O diretor do Centro, Daniel Balaban, declarou que a função do órgão é apoiar países em desenvolvimento para que possam criar seus próprios programas de combate à fome, à pobreza e em prol da alimentação escolar, a partir da experiência do Brasil e de outros países. “O Brasil desenvolveu todas essas políticas de baixo para cima, com o apoio da sociedade. A população discutiu como fazer, e hoje estamos colhendo os frutos. A população brasileira está ao lado da ONU e de diversos países no combate à fome”.

O brasileiro José Graziano, que assume em janeiro a direção geral da Food and Agriculture Organization (FAO), das Nações Unidas, disse que o Brasil possui duas características responsáveis pelo sucesso no combate à fome. “A primeira é que o país mostrou que é possível alcançar bons resultados sem gastar muito dinheiro – os recursos, desde 2003, foram bem direcionados. A segunda é que as estratégias se basearam em experiências que deram certo e foram multiplicadas. Um exemplo é o Programa de Aquisição de Alimentos, que nasceu pequeno e hoje está no Brasil inteiro, assim como o Merenda Escolar”.

Publicada às 10h35
Atualizada às 14h