Dona Maristela Ribeiro, 63 anos, já carregou muita lata d’água na cabeça. Às vezes, por até dois quilômetros. “Perdia o dia inteiro carregando água. Mas hoje, com a nossa cisterna, já temos tempo para cuidar das nossas plantinhas, da lavoura e das galinhas”, disse a moradora do distrito de Passagem do Limoeiro, no município de Caetité, a 700 quilômetros de Salvador.

Ela foi uma das beneficiadas com a construção de 62 cisternas em tempo recorde de 45 dias pela própria comunidade, uma das três visitadas pelos técnicos Bernadete Lange e Edward Bresnyan, do Banco Mundial (Bird), que investiu na região recursos do Programa de Combate à Pobreza Rural (Produzir), juntamente com o Governo do Estado, via Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), da Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (Sedir).

Para o diretor-executivo da CAR, Vivaldo Mendonça, a satisfação de ouvir os depoimentos dessa comunidade sobre o papel da água na transformação das suas vidas é impagável. “Ações como essa fortalecem a posição da empresa, demonstrando que esses investimentos mudam a vida de quem mais precisa”.

Vivaldo também destacou o “desafio e a efetividade da agroindustrialização da mandiocultura” como o exemplo da casa de farinha que começa a funcionar em janeiro de 2012 no distrito de Lagoa da Pedra dos Martins, no município de Rio do Antônio.

Segundo o presidente da Associação dos Pequenos Produtores da Lagoa da Pedra dos Martins, Manoel Martins Neto, antes se perdia muita mandioca, por falta de uma casa de farinha e também devido à seca.

Já na comunidade de Volta do Morro, em Caetité, um trator aumentou a produtividade em até cinco vezes entre os cerca de 120 agricultores que fazem parte da Associação dos Pequenos Agricultores de Volta do Morro. “O trabalho para arar as terras, que era de quatro semanas, agora se faz em quatro horas”, afirmou Ormezindo Araújo, 67 anos, integrante de outra associação de agricultores que também é beneficiada com o trator.

O especialista sênior em desenvolvimento rural da região da América Latina e Caribe, Edward Bresnyan, declarou que a visita foi muito positiva. “Fomos a três comunidades e três associações, onde percebemos a necessidade dos investimentos feitos e o comprometimento dessas pessoas em fazê-los e mantê-los”.

Garantia da continuidade do programa

O Produzir teve sua continuidade garantida com a assinatura, em dezembro de 2010, de um novo acordo de empréstimo com o Banco Mundial, de US$ 40 milhões, sendo US$ 30 milhões do Bird e US$ 10 milhões do governo da Bahia e da participação das comunidades rurais.

As ações têm como inovação a construção de mecanismos de implementação centrados na organização dos produtores e na descentralização do trabalho. Para as comunidades é assegurado o papel de demandantes das ações, de executoras e gestoras dos investimentos do programa.

De importância estratégica, o Produzir tem atuado na melhoria de qualidade de vida e de renda da população rural da Bahia, o que vem contribuindo para melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios mais pobres e, consequentemente, o IDH do estado.

O programa atende 407 dos 417 municípios baianos, com exceção da Região Metropolitana de Salvador (RMS). Somente este ano, foram concluídos 402 projetos, incorporando 36.675 famílias ao processo de inclusão social.