As escolas da rede estadual promovem, durante todo o mês de novembro, uma série de atividades alusivas ao Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado no dia 20 do mês. As ações pedagógicas estimulam a reflexão sobre a cultura afro-brasileira e sobre a luta contra o preconceito e discriminação étnico-racial.

No Colégio Estadual Professor José Aloísio Dias, do município de Mutuípe, os 780 alunos do ensino médio estão envolvidos com o projeto ‘Novembro Eco-Afro’, que acontece na próxima sexta-feira (25), com o atendimento à comunidade, por meio de serviços como corte de cabelo, oficinas de estética afro e maquiagem e feira de saúde.

“Quando os alunos participam dessas ações e conhecem sua própria história, assumem e se apropriam da cultura, identidade e ancestralidade negras”, afirma a professora Carmem Lúcia Lima. A estudante Juliana França, do 2º ano, ressalta que “a maior importância do projeto é a gente conhecer a nossa história e a dos nossos antepassados. Entendendo o passado, podemos compreender o presente e construir o futuro”.

Educação integral

Na rede de Educação Profissional, as ações fazem parte da concepção de educação integral, que forma pessoas humanas, trabalhadores e sujeitos de direitos, como o direito de não ser discriminado e de ter acesso aos conhecimentos relativos à história e à cultura da sua etnia.

Os estudantes do Centro Estadual de Educação Profissional em Artes e Design, em Salvador, participam do ‘Cortejo das Áfricas’ no próximo dia 26, a partir das 10h. Saem do centro antigo da capital baiana em caminhada pelas ruas dos bairros de Nazaré e Saúde. Com muita música, eles irão fazer uma alusão a profissões historicamente exercidas pelos negros, como a de pescadores.

No Colégio Antônio Carlos Magalhães, em Arraial D’Ajuda, no sul do estado, os estudantes do curso técnico em Lazer comemoram a data neste sábado (19), com uma feijoada, comida que teve origem nas senzalas, quando os negros escravizados misturavam com feijão as carnes consideradas “menos nobres” e que eram descartadas pelos “senhores de engenho”.

História da África

No Centro Territorial de Educação Profissional do Velho Chico, em Ibotirama, estudantes promoveram, nesta sexta-feira (18), na Praça Ivis de Oliveira, a I Noite da Consciência Negra. Eles pesquisaram a história da África para o desfile com roupas características daquele continente para mostrar como estas influências foram incorporadas ao cotidiano dos brasileiros.

No Cetep da Chapada da Diamantina, no município de Wagner, alunos e professores saíram em passeata pelas ruas da cidade nesta sexta-feira (18) e com cantigas de rodas e capoeira pediram respeito às diferenças. “As ações possibilitam aos estudantes a oportunidade de terem um contato mais próximo com a cultura africana”, afirmou Maria Cristina Mendes, professora e articuladora com o mundo do trabalho do Cetep da Chapada Diamantina.

As atividades que acontecem nas escolas estaduais estão de acordo com a implementação da Lei nº 10.639, de 2003, que estabelece a inclusão da temática “História e Cultura Africana e Afro-Brasileira” no currículo. O assessor especial da Secretaria da Educação do Estado (SEC), Nildon Pitombo, ressalta que a programação nas escolas tornou-se possível a partir da formação específica de professores da rede estadual, realizada pela SEC.

As ações promovidas pelas escolas estão inseridas no contexto do Novembro Negro, desenvolvido pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial que, neste ano, lançou a campanha 2011 Negro – Ano Internacional dos Afrodescendentes. A proposta é incentivar a discussão sobre a cultura afro-brasileira e promover iniciativas de valorização do negro na sociedade.