Estão abertas as inscrições para o Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes (Afro XXI), que acontece em Salvador, entre os dias 16 e 19 deste mês, no Centro de Convenções da Bahia. Os interessados podem se inscrever até o próximo dia 13 pela internet. O evento reunirá líderes da sociedade civil, de governos e parlamentares de países ibero-americanos e africanos para refletir sobre a realidade da população negra nos países participantes e propor ações que assegurem os direitos dos povos afetados pelo racismo.

O Afro XXI também faz parte da comemoração dos dez anos da Conferência Mundial das Nações Unidas contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, realizada em Durban, na África do Sul. Desde então, as políticas públicas nessa área ganharam impulso em vários países, inclusive no Brasil, onde foi criada em 2003 a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), com uma série de ações efetivas.

Superação do racismo 

A reunião em Salvador vai celebrar a contribuição dos descendentes de africanos para a América Latina e o Caribe. Na opinião da ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, esse é o momento para avaliar os documentos que foram produzidos em Durban e fazer um balanço dos avanços obtidos, recomendando novas estratégias para a superação do racismo e da discriminação racial.

“Esperamos que as conclusões obtidas em Durban sejam refletidas no documento que será produzido pela sociedade civil e os chefes de Estado”, disse a ministra, referindo-se à ‘Carta de Salvador’, que será produzida durante o evento.

O encontro internacional em Salvador resulta de parceria entre a Secretaria Geral Ibero-americana (Segib) e o governo brasileiro, por intermédio da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE), além do Governo do Estado da Bahia, representado pelas secretarias de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), de Cultura (Secult), e de Relações Internacionais (Serinter).

Participam também a Organização das Nações Unidas (ONU), a Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid), e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Programação cultural 

Durante o evento será produzida a Carta de Salvador, declaração que apontará uma agenda comum para os próximos anos, capaz de assegurar a inclusão plena de dezenas de milhões de cidadãos afrodescendentes. O documento resultará do debate entre os chefes de Estado com as contribuições do fórum das entidades da sociedade civil e das plenárias ocorridas durante toda a programação. São aguardados 12 chefes de Estado, dentre eles, a presidente Dilma Rousseff, e representantes dos demais países participantes.

De acordo com o secretário de Promoção da Igualdade da Bahia e anfitrião do evento, Elias Sampaio, “existe a expectativa, a ser discutida e confirmada durante o encontro, de Salvador ser escolhida como a capital afrodescendente ibero-americana. Isso seria muito justo, não só por sermos a cidade com maior população de origem negra fora da África, mas principalmente pelo fato de que nos reconhecemos como afrodescendentes do ponto de vista cultural”, avaliou.

Durante os quatro dias de debates, a capital baiana será tomada também por uma ampla programação cultural. Além de artistas da terra, convidados de outros países se apresentarão nos palcos do Pelourinho, área do Centro Histórico de Salvador, com forte marca da cultura afrodescendente. A programação está sendo montada pela Secult, com a contribuição dos países participantes do Afro XXI.