Sala, cozinha, quarto e banheiro reproduzem o ambiente doméstico, permitindo a pessoas com deficiência o reaprendizado de tarefas simples como forrar a cama, preparar refeições, fazer a barba e escovar os dentes. A casa onde são desenvolvidas as atividades da Oficina de Atividades da Vida Diária (AVD) está instalada nas dependências do Centro Estadual de Prevenção e Reabilitação de Pessoas com Deficiência (Cepred), da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

Na avaliação da diretora do Cepred, Normélia Quinto, as atividades desenvolvidas nas oficinas são de grande relevância para os usuários do Cepred, pois possibilitam a descoberta de novas habilidades e habilitações, fazendo as atividades que já realizam antes da limitação, porém de forma diferente, permitindo independência e autonomia. “Além da melhoria da qualidade de vida”, pontua.

A oficina da AVD, que integra as atividades da Oficina de Reabilitação Física do Cepred, tem como foco usuários que se tornaram pessoas com deficiência por terem perdido braços, pernas e, também, sequelados de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Uma vez por mês, a oficina reúne pacientes do interior. Eles participam com muito entusiasmo das atividades e comemoram cada conquista.

Dedicação

Na última reunião da oficina de AVD para pacientes do interior, um grupo organizou dois grandes cartazes, com fotos das diversas atividades que realizaram durante este ano. Outro preparou sanduíche natural com recheio de atum e cenoura. Tudo feito pelos pacientes sob a orientação das terapeutas ocupacionais.

Carlos Henrique Barnabé dos Santos, 39 anos, veio de Itabuna. Conta ter perdido o braço direito aos 25 anos, por conta de um abscesso. Aposentado pelo INSS, diz que “o trabalho do Cepred já mudou muito minha vida”. Mora sozinho, mas faz tudo em casa: cozinha, lava panelas, varre. “Fico ansioso para que chegue o dia de vir para o Cepred. O pessoal daqui é muito dedicado”, avalia. Na cozinha, durante a AVD, ele cortava cenoura em rodelas com muita habilidade.

Morando em Serrinha, Crispiniano Ferreira de Carvalho, 48 anos, também participou da oficina de AVD. Ele perdeu o braço direito trabalhando como marceneiro. Aposentado, ele frequenta o Cepred há um ano e meio. Demonstra muita fé e entusiasmo pela vida, por entender que ser portador de deficiência não deve ser motivo para desânimo. “Tudo depende de cada um. Depende de nós”, ensina com muito otimismo. Crispiniano diz que “o trabalho do Cepred é maravilhoso”.

Adaptações

Segundo a terapeuta ocupacional do Cepred, Karina Brandão, é fantástico acompanhar a evolução dos pacientes. Aprender a escrever com a mão esquerda para quem sempre usou a mão direita, por exemplo, é desafiador, mas com treino os pacientes conseguem. “Para o reaprendizado, adaptamos os objetos de uso diário, como barbeadores, talheres e escovas de dente, para facilitar o manuseio”, explica.

A próxima reunião do grupo de AVD com o pessoal do interior acontecerá no dia 20 de janeiro. Será também o momento especial de confraternização pela chegada do Ano Novo, esperança de novas conquistas para as pessoas com deficiência e mais trabalho para o Cepred.