Papai Noel com roupas de couro, típicas do sertão, Reis Magos Filhos de Gandhi, cordéis e reisados são algumas das novidades do Natal da Diversidade no Pelô, que será aberto neste sábado (10). O projeto da Secretaria Estadual de Cultura (Secult) para o Natal no Pelô 2011 e as ações para os festejos natalinos em outros espaços culturais de Salvador foram apresentados nesta quarta-feira (7) pelo secretário de Cultura, Albino Rubim, e a diretora do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), Arany Santana, na sede do CCPI, no Pelourinho.

Além da decoração com base na cultura nordestina, a iniciativa vai movimentar ruas, largos e praças do Pelô com diversas atrações, como corais, presépios, exposições e espetáculos de música, teatro, dança e luzes. “Pensamos o Pelourinho com a ideia de diversidade, mas respeitando a nossa identidade. Estamos convidando os artistas para reinventar no Natal, a partir de elementos culturais que digam respeito à nossa cultura e ao nosso clima, porque geralmente criamos um padrão fora da nossa realidade, com árvores cobertas de neve, por exemplo”, afirmou Rubim.

Segundo o secretário, a experiência de alguns eventos longos realizados durante este ano no Pelourinho, como o Carnaval e o São João, mostrou que o impacto é positivo para a área. “São eventos que atraem as pessoas e colocam o Pelô de volta ao cotidiano da população de Salvador. Queremos atrair várias tribos, cada uma com sua característica, mas de forma que todas se sintam bem no Pelourinho”. Para ele, o Natal deixou de ser uma data apenas religiosa. “Tornou-se um momento de comemorações que transcende o religioso e irmana as pessoas em torno de determinados valores”.

A diretora do CCPI declarou que o Pelourinho já é naturalmente um palco da diversidade. “Exercemos diariamente essa diversidade no Pelô, não somente com atrações musicais, mas com os mais vários segmentos artísticos. Por isso, temos três projetos diferentes na decoração, com base no cordel, no cangaço e na cultura nordestina”. Arany explicou que a criação do Centro de Culturas Populares e Identitárias e do Centro de Cultura do Sertão é um ato de reparação. “A Bahia precisa reconhecer essa identidade sertaneja, já que mais de 80% do seu território está no semiárido”.

Releitura

O artista plástico André Cruz, um dos responsáveis pela decoração no Pelô, disse que o projeto tem a parte de criação baseada no reisado e no cangaço, com muito brilho e uma árvore de oito metros. “Vai ficar bem interessante, porque não segue o padrão europeu. Temos várias estrelas no cangaço, o brilho do reisado, as fitas dos ternos de reis. Os detalhes do Natal estão presentes no Nordeste. Descobrimos isso nas nossas pesquisas. Partiu da Secult essa ideia e estamos aqui como instrumento para fazer essa releitura e ter esse Natal diferente”.

O professor Jorge Conceição é o criador do Boi Multicor. Ele afirmou que a iniciativa contribui para que os artistas tenham a oportunidade de fazer uma ressignificação da data, “a partir de valores como ecologia e relação solidária”.