A TVE exibe nesta quinta-feira (29), às 22h, o longa-metragem Samba Riachão (2001), antológico perfil documental do cantor e compositor Clementino Rodrigues, um dos mais carismáticos artistas baianos de todos os tempos, que o cineasta e músico Jorge Alfredo lançou no Festival de Brasília há dez anos.

Ao dividir o prêmio de melhor filme com Lavoura Arcaica, de Luiz Fernando Carvalho, considerado um divisor de águas na cinematografia brasileira, Samba Riachão já surgiu como um filme maiúsculo, ao ser visto com atenção, reputação que somente cresceu nos últimos dez anos ao ser exibido em diversos circuitos, dentro e fora do Brasil.

Em Brasília, conquistou ainda os prêmios de melhor filme pelo júri popular, melhor montagem (Tina Safhira) e o Prêmio Cinemark. No ano seguinte, levaria o Prêmio TV Cultura no festival de documentários É Tudo Verdade.

Na tela, ao longo de 86 minutos, a prosa, a ginga e o carisma de Riachão (nome artístico de Clementino) a embalar sua música, as passagens biográficas e uma acalorada discussão sobre as origens do samba.

Entre a peleja da primazia do mais brasileiro dos ritmos, depoimentos sobre o sambista e números musicais que revisitam o repertório de Clementino, desfila um time de entrevistados que só atesta a importância do biografado: Dorival Caymmi (1914-2008), Tom Zé, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Armandinho, Carlinhos Brown, Bule Bule, Daniela Mercury, Tuzé de Abreu, Dona Edith do Prato (1916-2009), Gerônimo, Clarindo Silva, Cid Teixeira e Antônio Risério.

Pequeno, franzino, anéis nos dedos e toalha no pescoço, sempre serelepe nos movimentos, Riachão mostra o gigante que é também na vida, ao enfrentar com serenidade e despojamento o trágico acidente automotivo que o fez perder alguns de seus familiares, inclusive a companheira Dalva, a quem se referia como “vida de minha própria vida”.