O aumento da renda e o fortalecimento da cultura são as perspectivas de aproximadamente 100 mulheres de comunidades tradicionais de terreiros, que pertencem à Rede Mauanda Bankoma. Elas receberam nesta quinta-feira (15), no Terreiro de São Jorge Filho da Goméia, no bairro de Portão, em Lauro de Freitas, as primeiras 12 máquinas de costura para fomento de empreendimentos informais, por meio do programa de inclusão produtiva Vida Melhor Urbano.

Neste primeiro momento, foram beneficiadas as unidades de produção dos terreiros da Casa Branca, em Salvador, e São Jorge Filho da Goméia, que fabricam artefatos como roupas, sandálias, tiaras, bonecas afro, turbantes, colares, presilhas de crochê, miniaturas de orixás e quadros em alto relevo.

A filha de santo Sueli Conceição Ferreira, 41 anos, disse que o artesanato representa muito para sua vida. “É um resgate de cultura e também uma fonte de renda. Eu produzo até seis panos da costa por semana. Com o novo equipamento, isso pode passar de 20 unidades no mesmo prazo”. Antes de ser filha de santo, ela não conhecia o artesanato. “Passei a frequentar o terreiro e aprendi o que significa o pano da costa, como é feito. Dentro da nossa religião é uma coisa sagrada”.

Hierarquia 

Mameto Kamurici, conhecida como Mãe Lúcia, responsável pelo Terreiro de São Jorge Filhos da Goméia, explicou que o pano da costa indica a hierarquia religiosa, a idade, e protege os adeptos da religião de matriz africana. “Cada energia tem uma determinada cor de pano. E esta atividade é também uma fonte de renda. Damos curso de graça para a comunidade. Temos 20 mulheres trabalhando somente neste terreiro”.

Ela espera que, com os novos equipamentos, a renda da comunidade aumente. “Esta parceria e este olhar do governo para as comunidades tradicionais como a nossa é muito importante. “Os patrocinadores precisam colocar uma marca e esta marca não cabe nos panos da costa. A parceria com o Governo do Estado vem fortalecer tudo isso. Só pelo nosso valor histórico, do terreiro, conseguimos vender essa produção”.

Ação incentiva associativismo urbano

Segundo o secretário do Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, Carlos Brasileiro, o Programa Vida Melhor está atuando em quatro cadeias – costura, cozinha, reciclagem de resíduos sólidos e ambulantes e, só para este ano, já foram autorizados R$ 800 mil para cada uma das cinco unidades de inclusão socioprodutiva que está sendo apoiada.

“Quatro delas são na Região Metropolitana de Salvador e uma em Feira de Santana. Até o final de janeiro, todas devem ter sido implantadas, no Bairro da Paz, no Subúrbio Ferroviário, no Nordeste de Amaralina e outra em São Cristóvão. Depois teremos a primeira no interior, em Feira de Santana”, afirmou o secretário.

Brasileiro afirmou ainda que o programa Vida Melhor foi um grande avanço na busca de se contribuir com o programa federal Brasil sem Miséria. “É pioneiro por ter este olhar urbano. No plano rural há várias organizações atuando. Fica mais fácil trabalhar porque as pessoas já têm essa cultura de associativismo e cooperativismo”.

Sustentabilidade 

Para o secretário, atender comunidades urbanas foi um desafio colocado pela Casa Civil e um grande avanço do Governo da Bahia. “Estamos buscando pessoas que estão produzindo algo para que o programa dê sustentabilidade, orientação técnica, incentivo de crédito, proporcione um sentimento de organização. Em um futuro breve, estas pessoas poderão se autossustentar”.

O trabalho está avançado, de acordo com o secretário. Ele informou que os agentes de desenvolvimento foram treinados e que os técnicos que irão dirigir cada unidade também passaram pela capacitação. “É uma parceria intersetorial que envolve as secretarias da Educação e de Desenvolvimento Urbano e a Casa Civil. Além de incluir as pessoas, melhorando sua produção, traz este conceito de transversalidade, de trabalho em conjunto entre os órgãos de governo”.