Polícia baiana se especializa contra atividades criminosas com explosivos

A prevenção e solução de atividades criminosas com explosivos na Bahia, inclusive de terroristas, foi alvo de uma capacitação realizada por integrantes do Cuerpo Nacional de Policía da Espanha para 31 policiais, entre militares, civis e do Departamento de Polícia Técnica (DPT/BA). Promovido pela Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP), o curso Jornadas Técnicas Sobre Explosivos (Tedax-NRBQ), encerrado nesta sexta-feira (2), no Centro de Operações Especiais (COE), no aeroporto de Salvador, é o resultado de uma parceria com o governo espanhol e tem como base noções gerais sobre explosivos, capacidade de prevenção, tomada de decisões e capacitação técnica.

Criado em 1975, o Tedax-NRBQ trabalha com duas vertentes – a prevenção e as medidas a serem adotadas em situações de risco, incluindo o trato com armas químicas, radiológicas, biológicas e nucleares. Segundo o inspetor Jorge Matías Morato Arnanz, integrante da polícia espanhola e técnico em explosivos, “mesmo não tendo sido vítima de atentados terroristas na história do país, é necessário se preparar”.

Para o delegado-geral da Polícia Civil, Hélio Jorge, que é técnico em explosivos pela International Association of Bomb Technicians and Investigators, “o aprendizado com profissionais de países que têm um histórico deste tipo de situação, vai fazer com que, cada vez mais, nós tenhamos segurança na prestação de serviços públicos”. O delegado enfatizou que a Bahia sempre recebe chefes de Estado para reuniões, além de milhares de turistas do mundo inteiro, atraídos pelas festas tradicionais como o Carnaval.

“Nos próximos cinco anos, receberemos jogos internacionais e teremos centros de treinamento espalhados pela Bahia. Temos ainda os aeroportos internacionais de Salvador e de Porto Seguro. Então, é preciso formar o nosso efetivo e distribuí-lo por estes locais”, enfatizou Hélio Jorge.

Caixas eletrônicos 

A função do Departamento da Polícia Técnica é a produção da prova material, segundo o perito criminal Nelson Virgílio, que também participou da capacitação. Segundo ele, cada vez mais, no meio jurídico, a prova material tem sido determinante em um processo judicial. “No nosso estado têm sido observadas atividades de explosivos em roubos a agências bancárias e caixas eletrônicos. Nossa preocupação é determinar como é que estes marginais estão agindo e rastrear este material explosivo de maneira técnica e científica”.

O responsável pela Coordenação de Operações Especiais (COE) da Polícia Civil, André Viana, foi um dos alunos do curso e afirma que a oportunidade traz eficiência e otimização dos trabalhos dos policiais. “Com os grupos terroristas que atuavam na Europa, como o ETA e fundamentalistas islâmicos, a Espanha adquiriu o know-how neste tipo de situação. Com isso, os instrutores trouxeram diversos conhecimentos especiais que foram passados para nós”.

Para o capitão do Corpo de Bombeiros, Alan Guanais, ocorrências que envolvem explosivos necessitam atendimento diferenciado, com diversos órgãos participando. “O Corpo de Bombeiros é acionado principalmente nos casos em que o artefato venha a explodir e vitimar alguém. Nós estamos, com este curso, especializando os bombeiros, inclusive para a detecção de explosivos com a utilização de cães farejadores”.

Cursos capacitam mais de dois mil integrantes do efetivo

Segundo o delegado-geral Hélio Jorge, a Academia de Polícia Civil desenvolveu, durante este ano, uma série de atividades de capacitação na capital e no interior. Os cursos abrangem várias disciplinas como armamento e tiro, práticas policiais e línguas estrangeiras, que vão dar suporte ao Departamento de Polícia Metropolitana, e na área de cursos básicos de inteligência.

Um dos cursos, inclusive, é de direção para moticiclitas, que atuarão no combate à modalidade de assalto conhecida como ‘saidinha bancária’. ”Aumentamos muito o número de servidores atendidos. Foram mais de dois mil policiais capacitados este ano. Eu não conheço nenhuma força de segurança que consiga prestar um bom trabalho sem ter este lastro de segurança e instrução continuada”, afirmou Hélio Jorge.