A Bahia registrou, no ano passado, um saldo comercial de US$ 3,2 bilhões, o melhor resultado da história do comércio exterior baiano. Tanto as exportações, que alcançaram US$ 11 bilhões e crescimento de 24% em relação a 2010, quanto às importações, com US$ 7,8 bilhões e incremento de 15,8%, bateram recorde.

Os preços favoráveis das matérias-primas ajudaram a impulsionar as vendas lá fora. Na média, eles cresceram 20% em toda a pauta baiana em relação a 2010. Já o aquecimento da economia baiana e o dólar barato contribuíram para compras também elevadas no exterior.

“O resultado recorde das exportações foi obtido mesmo com a crise financeira que assola as principais economias mundiais, além do câmbio desfavorável durante a maior parte do ano”, disse Arthur Souza Cruz, coordenador de Comércio Exterior da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Segundo ele, sustentaram a demanda externa por produtos baianos, o crescimento das economias dos países emergentes, principalmente os da América Latina e Ásia. Argentina e China foram os dois maiores destinos para os produtos baianos em 2011.

Destaques 

As commodities agrícolas e minerais exportadas pela Bahia foram os destaques da pauta em 2011. Petróleo e derivados lideram as vendas com 18% de participação, seguido pelo setor de papel e celulose, com 16,4%. Destacaram-se ainda a soja e seus derivados com crescimento de 38% sobre o ano anterior, algodão com 129%, cobre com 46%, ouro com 15% e café com 36%, dentre as mais importantes.

Por causa dos preços altos e da forte demanda, sobretudo chinesa, a participação das commodities nas exportações baianas aumentou de 63%, em 2010, para 69% em 2011. Na área dos manufaturados, o setor químico/petroquímico teve 2,5% de crescimento em relação a 2010, ocupando a terceira posição entre os principais segmentos de exportação do estado. Pneus, com incremento de 42%, e material elétrico, com 3,5% de crescimento, também alcançaram desempenho positivo.

O mesmo não aconteceu com o setor automotivo (queda de 11,6% e calçados (-13,7%). Comprometeram o desempenho do setor industrial, o câmbio valorizado, que fortaleceu a entrada de importados, além de juros altos e pressão de custos, que gerou perda de competitividade em diversos setores.

Importações

As importações tiveram seu ritmo de crescimento reduzido somente nos últimos dois trimestres do ano, acompanhando o movimento de desaceleração da produção industrial em razão de crescimento menor da economia doméstica. Além de um crescimento menor da produção, houve desindustrialização em alguns segmentos, o que incentiva a compra de produtos acabados.

Influenciadas pela farra dos automóveis importados esse ano, o setor de bens de consumo duráveis registrou o maior incremento do ano, com 30,2%, seguido pelos bens intermediários, com 27,8%, puxado principalmente pelo preço das commodities no mercado internacional e que pesam na pauta de importações do estado, como trigo, minério de cobre, cacau e petróleo.

Já o setor de bens de capital foi o que apresentou, no ano, o menor crescimento em relação a 2010, apenas 0,3%. Restrições no crédito e desconfiança por parte dos empresários quanto ao crescimento da economia pesaram nas decisões de compras do setor, em suas maioria máquinas e equipamentos.

Nafta, minério de cobre, automóveis, fertilizantes, cacau, trigo e petróleo e derivados foram os principais produtos da pauta de importações do estado em 2011, respondendo por 62% do total das compras externas do estado no ano.

Para 2012, as perspectivas só devem alterar se houver um recuo muito forte no crescimento da economia mundial, principalmente nas duas locomotivas internacionais: EUA e China. Entretanto, a magnitude do crescimento das exportações ainda é uma incógnita, dado o cenário de recessão esperada para a zona do euro, além do baixo crescimento dos Estados Unidos e da desaceleração chinesa.