Os graves problemas de saúde, como hipertensão severa, apnéia do sono, aumento da glicemia, dificuldade de locomoção, além da baixa autoestima, reforçada pelas brincadeiras de mau gosto e piadas que ouviam em razão do peso excessivo, ficaram para trás na vida de Maria Alexandrina Guimarães Santos, 57 anos, e de Maria Conceição Santos, 46.

Elas se submeteram à cirurgia bariátrica (redução do estômago) pelo SUS, mas reconhecem que a preparação para o procedimento e o acompanhamento ‘pós bariátrico’ por dois anos, mantido pelo Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), têm sido decisivos para o sucesso que estão obtendo.

Maria Alexandrina, 1,59 metros de altura, chegou a pesar quase 190 quilos. Ao fazer a cirurgia bariátrica, em dezembro de 2010, estava com 170. Já perdeu 55 e falta 35 para atingir o peso ideal. “Quando convivia com a obesidade mórbida, eu deixei de viver. Deprimida, não tinha vontade sair de casa. Só tinha duas roupas”. No Cedeba, com o apoio de endocrinologista, nutricionista, psicoterapeuta e fisioterapeuta, Alexandrina disse ter reaprendido a viver.

Esta semana ela estava muito feliz, ao receber uma nova estrelinha do grupo de Psicoterapia, por ter derrubado mais uma dezena no peso, mesmo com as festas de final de ano. Hoje, Maria Alexandrina entende que o emagrecimento tem que começar pela cabeça e avalia que o acompanhamento no Cedeba é o caminho para o sucesso.

Preconceitos 
Também muito satisfeita com o acompanhamento que está fazendo no Cedeba, Maria Conceição, que fez a cirurgia há um ano, mostra como sua vida tem mudado positivamente. Doméstica, trabalhando na Pituba com a mesma família há 15 anos, ela mora em Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador e devido ao excesso de peso não podia pegar o micro ônibus que faz linha para onde mora. Era preciso ir à Estação Rodoviária e esperar ônibus comum.

O que mais angustiava Maria Conceição eram as piadinhas. “Ao chegar em lojas de confecções, mal entrava, ouvia: aqui não tem roupa para a senhora. Ainda que eu fosse comprar um presente. No transporte coletivo, as pessoas também evitavam sentar ao meu lado. Muitas vezes fui chamada de baleia. Era terrível”, recorda.

Muito feliz com o resultado da cirurgia, ela informou que antes fez várias tenativas para emagrecer, mas não obteve sucesso. “Tomei muitos remédios, mas não resolvia”, afirmou Conceição, dizendo que agora tem mais saúde “e até já tenho namorado”.

O peso excessivo também dificulta a vida profissional. Além de menos chance no mercado de trabalho formal, também pode inviabilizar as atividades para quem trabalha por conta própria. Maria Alexandrina sempre atuou com vendas Mas com muito peso, as pernas doíam muito, diante do menor esforço. “Passei quase dez anos sem querer sair de casa. Na verdade, eu deixei de viver. Agora estou feliz porque readiquiri a autoestima”.