Uma das maiores e mais importantes do Brasil, a Cooperativa Agrária Agroindustrial (Agraria), instalada no Paraná, tem interesse em investir na Bahia em culturas diversificadas, principalmente etanol. Durante reunião na quinta-feira (23), na Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), o diretor-presidente da entidade, Jorge Karl, confirmou a intenção de participar da licitação do Projeto Baixio de Irecê, em implantação pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), localizado na região do vale no médio São Francisco, a cerca de 500 quilômetros de Salvador, abrangendo os municípios de Xique-Xique, Itaguaçu da Bahia e Sento Sé, no Território de Identidade de Irecê.

Karl seu reuniu com o secretário Eduardo Salles e o superintendente de Atração de Investimentos de Seagri, Jairo Vaz. A cooperativa e Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), com participação da Embrapa, deverão assinar um termo de cooperação técnica para instalar, na Chapada Diamantina e no Baixio de Irecê, estações experimentais destinadas ao cultivo de cevada, visando a produção de malte. “Todo malte consumido no Nordeste vem do sul do país e da Argentina para atender à demanda das cervejarias, que é muito grande”.

“Trazer para a Bahia alguém com a capacidade técnica e a história de gestão que vocês têm, é sem dúvida muito importante para a agropecuária da Bahia, que ganha muito”, disse o secretário ao presidente da cooperativa.

De acordo com Jairo Vaz, que em companhia de diretores da Codevasf, visitou as instalações da Agraria, dentro de alguns dias serão apresentados à diretoria da entidade relatórios sobre o que pode ser produzido na região do Baixio de Irecê e o etanol para que a cooperativa decida em que investir.

Agraria

Fundada há 60 anos por imigrantes do Sul da Alemanha que chegaram ao Brasil em 1951, a Agraria conta hoje com 550 cooperados, 1,2 mil colaboradores diretos e três mil indiretos. Num exemplo bem sucedido de crédito fundiário, as 500 famílias de imigrantes se estabeleceram em 22 mil hectares, transformados, seis décadas depois, em 120 mil hectares de plantio.

Nos anos 60, algumas famílias voltaram para a Alemanha e outras preferiram tentar se estabelecer em outras cidades brasileiras. Os que ficaram investiram, e nos anos 70 iniciaram o processo de agroindustrialização, implantando um moinho de trigo, avançando nos anos 80 para a instalação de uma maltaria, que é hoje a 11ª do mundo. Nos anos 90, a cooperativa implantou uma fábrica de ração e também passou a industrializar a soja, produzindo óleo.

A cooperativa produz hoje 140 mil toneladas/ano de farinha de trigo, 160 mil toneladas/ano de ração, 500 mil toneladas/ano de óleo e 240 mil toneladas/ano de malte. O faturamento anual é da ordem de R$ 1,2 bilhão, devendo alcançar este ano a marca de R$ 1,6 bilhão. “De 1999 para cá estabelecemos a profissionalização da gestão e hoje a cooperativa está entre as maiores do Brasil”, afirmou Jorge Karl. De acordo com ele, 95% dos cooperados são originários do grupo que chegou ao Brasil em 1951, seus filhos e netos.