Criação dentro do governo de um grupo de trabalho destinado a planejar ações para que os megaeventos esportivos promovam o direito ao esporte seguro e inclusivo para crianças e adolescentes do estado. Essa foi uma das propostas aprovadas no final da tarde desta terça-feira (28) pelos 45 adolescentes que participaram do I Encontro Baiano da Rede Juvenil pelo Esporte (Rejupe), realizado na Fundação Luís Eduardo Magalhães (Flem), no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador.

Representando 17 organizações não governamentais, os adolescentes também propuseram que sejam desenvolvidos projetos esportivos e sociais para melhorar os espaços destinados às práticas esportivas, criar equipamentos de esportes nas escolas e capacitar professores para atuar com o esporte inclusivo e educacional.

Entre outras ações, eles propõem também que haja oferta de esportes menos conhecidos e divulgados nas aulas de educação física, o que implica na construção de pistas de atletismo e piscinas nas escolas e de mais quadras com materiais didáticos adequados à diversidade de modalidades esportivas, com atenção especial para as modalidades femininas.

Apoio aos jovens

Na abertura do evento, pela manhã, a chefe de gabinete da Secretaria para Assuntos Internacionais e da Agenda Bahia, Suzana Sá, representando o secretário Fernando Schmidt, destacou que o governo da Bahia acolheu com entusiasmo a proposta do Unicef de apoiar a organização da Rejupe na Bahia e ser o estado a realizar o primeiro da série de 12 encontros da Rede nas cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. “Este apoio se dá, por uma questão de coerência, na medida em que se identifica a inquestionável legitimidade da mobilização juvenil e sua pertinência com a prática democrática do nosso governo”.

Ela enfatizou dois aspectos relevantes da mobilização dos jovens. Um deles, “a participação do adolescente na discussão de temas que dizem respeito a sua própria vida, exercitando já a cidadania e o envolvimento do adolescente com o esporte seguro e inclusivo, no processo de sua formação educacional, o que é reconhecidamente importante para o seu desenvolvimento integral”.

Também ressaltou o grande desafio que precisa ser enfrentado, de tornar efetivo o direito ao esporte no mesmo patamar dos direitos à saúde e à educação. “A experiência histórica da luta pela conquista de direitos em todo o mundo tem demonstrado que a sua efetividade depende sempre de políticas públicas concebidas, implementadas e fiscalizadas com a participação da sociedade, em especial, dos segmentos que detêm o protagonismo dessas ações. A Rejupe surge com essa missão, na esteira dos megaeventos esportivos que o Brasil e a Bahia sediarão nessa década”.

Direito fundamental

O esporte como direito fundamental foi defendido por quase todos os palestrantes. O oficial do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para Assuntos Governamentais, Mário Volpi, afirmou que o Brasil tem condição de posicionar o esporte como direito fundamental e proporcionar as condições para o acesso de todos. O representante do Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Cidadania (Iidac), Gilbert Scharnik, disse que sem esporte a qualidade de vida é menor e que o esporte não pode ser tratado como um direito secundário.

O diretor-geral da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), Raimundo Nonato, concordou e chamou a atenção para o fato de que até 2017 o Brasil vivenciará grandes eventos esportivos internacionais e é preciso estar atento ao poder transformador do esporte e à sua capacidade de aproximar as pessoas da cidadania.

Na mesma linha, o coordenador de Esportes do Escritório Municipal da Copa do Mundo Fifa 2014 de Salvador, Emerson Ferreti, falou sobre a importância do esporte e os legados sociais esperados após os megaeventos esportivos, a exemplo da democratização do esporte, sustentabilidade ambiental, qualificação profissional, inclusão social e fortalecimento cultural.

Ações de governo

Representando o secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Nilton Vasconcelos, o chefe de gabinete Elias Dourado afirmou que a Copa do Mundo tem dono, a Fifa, e é preciso muita negociação para conseguir ampliar o ganho de ter trazido a Copa de 2014 para o Brasil. “Essa negociação não é fácil e pedimos ao Unicef que também contribua dialogando com a Fifa e apresentando as reivindicações dos jovens”.

Elias Dourado fez referência às ações que estão sendo desenvolvidas pelo Governo da Bahia como os projetos Legados Sociais e Oportunidades da Copa 2014, em parceria com a Universidade do Estado da Bahia (Uneb). O primeiro é direcionado a crianças, jovens, idosos e será realizado em 16 municípios baianos, sendo contemplados oito bairros de Salvador.

O projeto Oportunidades Copa 2014, dirigido a empresas dos ramos de hotelaria, bares e restaurantes, taxistas, baianas de acarajé, ambulantes da capital e de outros municípios, promoverá capacitação em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/BA).

As ações do governo foram detalhadas pelo representante da Secopa, Márcio Lima, que destacou a construção da Arena Fonte Nova e entorno, mobilidade urbana e acessibilidade, infraestrutura turística, ações de qualificação profissional, fortalecimento e valorização da cultura local, estruturação do sistema de segurança pública, qualificação da rede hospitalar e sistema de saúde e infraestrutura tecnológica.

Exemplos

O encontro contou com a participação de três atletas, cada um deles referência inspiradora do esporte como elemento de transformação e que, em suas falas, insistiram na importância do esporte ser compreendido como direito fundamental pelo poder que tem de contribuir para o desenvolvimento integral da pessoa e do cidadão – Raimundo Nonato (Bobô), Emerson Ferreti e Gilson Andrade, este último jogador da Seleção Brasileira de Basquetebol de 1974 a 1989, formado em Business and Language e Bacharel em Direito.