Diante do aumento dos índices de homicídios em Salvador, registrados depois que parte da Polícia Militar decretou a greve, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) está priorizando as investigações de mortes que apresentam indícios de extermínio. Entre os crimes investigados está a execução de cinco moradores de rua na Boca do Rio, durante a madrugada de sexta-feira passada (3), e de uma mulher, também moradora de rua, na Praça da Piedade, no centro de Salvador, que foi baleada e morta quando amamentava a filha recém-nascida.

Para atender à demanda, que chegou a registrar 49 homicídios entre as 22 horas de sexta-feira (3) e a meia-noite de domingo (5), em Salvador e região metropolitana da capital, o DHPP ampliou de três para cinco o número de equipes do Serviço de Investigação em Local de Crime (Silc) em campo por turno.

Aumento do efetivo 

Desde sábado (4), para garantir a segurança dos investigadores e peritos, quatro policiais em outra viatura estão acompanhando cada equipe do Silc nos atendimentos aos locais de crime. “Durante este período, optamos por aumentar o efetivo para impedir que os policiais ficassem vulneráveis e pudéssemos atender ao aumento da demanda com a mesma eficiência”, explicou o diretor do DHPP, delegado Arthur Gallas.

Devido ao volume de ocorrências, a coordenadora das Delegacias de Homicídios da Capital, delegada Francineide Moura, explicou que ficou difícil dar prosseguimento a todas as investigações de uma vez só. “Em razão do elevado número de homicídios no período, decidimos priorizar as mortes com características de extermínio, pelo fato de representarem o principal motivo para esta elevação”, disse a delegada. Com isso, as equipes do Silc estão orientadas a recolher o máximo de informações e provas possíveis nos locais dos crimes, onde as características presentes ofereçam motivações diversas, pois esses dados irão subsidiar um diagnóstico imediato e as investigações posteriormente.

Crimes de extermínio 

Para Arthur Gallas, três situações têm contribuído para o aumento no número de homicídios nesse período: a ação de grupos armados de segurança clandestina, eliminando moradores de ruas que praticam furtos e roubos, incomodando o comércio em bairros de Salvador; quadrilhas de traficantes executando desafetos e integrantes de bandos rivais, além do acerto de contas com usuários; e, finalmente, um aumento nos registros de crimes contra o patrimônio, como os latrocínios (roubos seguido de morte).

Dados estatísticos do DHPP mostram que, no período de 1° a 06 de fevereiro, a polícia registrou 38 homicídios com características de crimes de extermínio. Os principais indicativos de crimes como este são a participação de muitos executores, fortemente armados e uso de veículos não identificados, atuando de forma específica. A sexta-feira (3) registrou o maior número de mortes com essas características. Nesse dia, 19 pessoas foram executadas em vários bairros de Salvador. Em todos os casos, testemunhas relataram a existência de pelo menos dois desses indicativos.

A região da Delegacia de Homicídios (DH) Central, que engloba as áreas das 10ª, 11ª e 13ª Delegacias Territoriais (DTs), registrou 17 mortes no período, contra 12 na região da DH Atlântico, que reúne as 1ª, 6ª, 9ª e 12ª DTs, e nove na região da DH Baía de Todos-os-Santos, áreas da 2ª, 3ª, 4ª e 8ª DTS. A maioria das mortes, total de 11, ocorreu entre zero hora e quatro horas da madrugada. Da zero hora do dia 1° até as 14 horas desta quarta-feira (8), o DHPP contabilizou 94 mortes em Salvador.