O paciente hipertenso jamais deve abandonar o tratamento feito pelo grupo de saúde e passar a tratar a doença apenas por conta própria, com o uso de chás e alimentos, por exemplo. No conhecimento popular, são muitas as plantas cujas folhas são consideradas anti-hipertensivas, embora ainda não exista comprovação científica. A observação é da sanitarista e homeopata, Maria das Graças Machado, do Núcleo de Atenção ao Servidor do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), durante a sessão científica com o tema “Medicina Alternativa no Tratamento da Hipertensão Arterial", que aconteceu nesta segunda-feira (19), pela manhã, no auditório do Centro de Atenção à Saúde José Maria de Magalhães Neto (CAS), em Salvador.

O evento foi uma iniciativa da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), por meio da subcoordenação de Doenças e Agravos não Transmissíveis (Dant), ligada à Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep). A palestrante mostrou que a fitoterapia, por exemplo, integra às Práticas Integrativas e Complementares (PIC) do Ministério da Saúde, mas que há muita cautela no estudo do uso dos vegetais, até a comprovação da sua eficácia e a ausência de efeitos colaterais muito intensos.

Maria das Graças enfatizou que, além da toxicidade de muitos vegetais – risco que aumenta se a quantidade usada não for adequada -, o usuário também corre riscos porque muitas folhas vendidas em feiras livres estão contaminadas com fungos.

Estilo de vida 

A palestrante defendeu que a equipe de saúde precisa considerar o saber popular, que varia em função de cada realidade cultural, discutindo e respeitando o conhecimento que o paciente traz. Ela informou que em 2006, com a Portaria 971, o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), que é a medicina orientada para o restabelecimento da saúde, que leva em conta a pessoa com um todo (corpo e mente), incluindo seu estilo de vida.

Segundo a sanitarista, o estilo de vida interfere na saúde. O estresse da vida diária (violência urbana, trânsito congestionado, dificuldades financeiras, distúrbios familiares) tem que ser observado no acompanhamento do paciente hipertenso, em lugar de um enfoque muito hidráulico (fluxo e resistência). São reconhecidas como Práticas Integrativas e Complementares pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Ministério da Saúde, a homeopatia, a Fitoterapia, a acupuntura, a crenoterapia e a medicina antroposófica, a mais nova, criada na Europa, no inicio do século 20.

Causa de morte 

A hipertensão é a primeira causa de morte no Brasil em pessoas acima de 65 anos. Em mulheres, em geral, supera até o câncer de mama. A hipertensão arterial, o diabetes, o colesterol elevado e o tabagismo respondem por 88% das causas de AVC (Acidente Vascular Cerebral), segundo dados do Ministério da Saúde.

A enfermeira Edna Rezende, da Dant, revela que a prevenção da hipertensão arterial e suas complicações são prioridade em saúde pública e pode ser feita através da identificação de indivíduos em risco, de casos não identificados e do tratamento dos hipertensos, favorecendo a qualidade de vida e a redução dos custos, sob todos os aspectos.