Uma das melhores alternativas de renda e de convivência com a seca, a apicultura vem se destacando também no município de Casa Nova, onde a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) tem intensificado as ações de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), visando minimizar as consequências da estiagem na região.

Segundo o técnico da EBDA, José Fernandes, a ideia inicial foi explorar a boa adaptação das abelhas à caatinga e estimular o agricultor familiar a compartilhar essa ideia, e foi o que aconteceu. Os agricultores que demonstraram interesse pela apicultura receberam aulas sobre o modo de vida das abelhas na caatinga e sobre os equipamentos e materiais mais apropriados para a extração do mel. Os técnicos da EBDA também realizaram demonstrações práticas de captura de abelhas, confecção de caixas de iscas, beneficiamento da cera e manejo de apiário.

De acordo com Fernandes, toda a região norte da Bahia tem grande potencial apícola, e isso se deve à grande extensão da área de caatinga, como também da presença do Rio São Francisco em quase todos os municípios produtores de mel. “A água é necessária para uma boa produção, e esse casamento geográfico forma o hábitat ideal para a produção em grande escala”.

Como resultado desse casamento geográfico com o agricultor familiar, um dos participantes da primeira turma da oficina de apicultura oferecida pela EBDA em 2010 se tornou multiplicador de conhecimentos apícolas em sua comunidade. O destaque é o apicultor José Carlos Azevedo, 44 anos, que, após a atividade, se encantou com a cultura e passou a produzir mel. Hoje ele atinge excelentes resultados, fato que o estimulou a direcionar para os apiários todo o seu trabalho no campo.

“Antes eu criava caprinos, ovinos, galinha caipira e plantava manga. Depois que recebi treinamentos da EBDA, acreditei nas abelhas e esta passou a ser a minha principal atividade”, disse o apicultor. Em 2010, Azevedo obteve financiamento para 60 colmeias, o que lhe permitiu aumentar a produção de 200 quilos de mel, por ano, para 1.200 quilos, em 2011.

Atualmente, mais experiente com a atividade, Azevedo já produz o dobro de mel com as mesmas 60 colmeias e quer aumentar para 80 colmeias até o final deste ano. “A apicultura é a minha família, a principal atividade de geração de renda. Só com o dinheiro da venda do mel e da cera estou terminando de construir minha casa e já comprei uma moto”.

Potencialização das atividades de produção

Além de Casa Nova, a EBDA tem potencializado as atividades de produção de mel e cera nos municípios de Campo Alegre de Lourdes, Remanso, Pilão Arcado, Juazeiro, Uauá, Curaçá, Sobradinho e Sento Sé, que compreendem o Território de Identidade Sertão do São Francisco.

De acordo com os dados da EBDA, cerca de 3.500 agricultores familiares se dedicam à apicultura neste território, chegando a uma produção anual de 483.128 quilos.

Somente em Campo Alegre de Lourdes, de janeiro a abril deste ano (melhor período para exploração da apicultura), apesar da seca, foram comercializadas cerca de 160 toneladas de mel. O valor do quilo do produto na cidade gira em torno de R$ 4,30.

Dessa forma, a apicultura contribuiu para a circulação no comércio local com aproximadamente R$ 666,5 mil. O mais relevante em relação a essa cultura é que o custo de produção não passa de R$ 1,50 por quilo, o que proporciona aos apicultores familiares um lucro real em torno de 65% por quilo de mel, conforme analisa o técnico José Fernandes.