Para definir novas estratégias de inclusão social voltada aos moradores em situação de rua e concentrar as forças de trabalho dos movimentos sociais, instituições de acolhimento e órgãos das três esferas de governo, aconteceu nesta quinta-feira (10), no prédio da Ação Social Arquidiocesana (Asa), no bairro do Garcia, em Salvador, o encontro ‘Tecendo redes: interconectando os serviços do estado da Bahia para a população em situação de rua’.

O evento foi promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza do Estado da Bahia (Sedes), por meio do programa Bahia Acolhe, lançado em março. Para a coordenadora nacional do Movimento da População de Rua, Lúcia Pereira, a ampla discussão é um sinal positivo das políticas públicas voltadas a esta parcela da população. “Estamos aqui hoje com as várias pessoas da sociedade civil e órgãos oficiais para formarmos uma rede de parceria. É um grande avanço para a população de rua. A rua não é uma opção. É a falta de opção dessas pessoas”, disse a coordenadora.

Diálogo permanente

Lúcia Pereira observou que o diálogo permanente entre o movimento e o poder executivo estadual tem apresentado resultados. De acordo com ela, em 2011, por meio de uma parceria da entidade com a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) da Bahia, foram capacitadas 88 pessoas que viviam em situação de rua. “Destas, 60 já estão trabalhando com carteira assinada em obras como a da Arena Fonte Nova, BA-093 e em alguns condomínios privados na região da Barra. Os pedidos de emprego não param de chegar e as empresas estão solicitando mais pessoas para trabalhar porque estão vendo o empenho, a fidelidade, a assiduidade dessas pessoas”, afirmou.

De acordo com a Sedes, mais de três mil pessoas vivem nas ruas de Salvador e estão expostas aos mais diferentes riscos. Para dar uma resposta mais imediata às principais demandas destas pessoas, o programa Bahia Acolhe prevê a criação de uma unidade assistência na capital baiana. Segundo o coordenador do programa, Adauto Oliveira, o edital está previsto para ser lançado ainda neste semestre. “O Centro de Serviço e Assistência 24 horas se propõe a oferecer, pelo menos, três refeições diárias a esta população e mais a possibilidade de vagas para pernoite. Ou seja, as pessoas terão suas necessidades imediatas supridas”. Ele diz que, em Salvador, as regiões onde mais se concentram moradores em situação de rua são o centro e a Cidade Baixa.

“A ideia do programa Bahia Acolhe não é assistencialista. Nosso objetivo é fortalecer a rede para que estas pessoas tenham, paulatinamente, o resgate da sua cidadania. E isso será feito a partir dos Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua, os Centros Pop”, afirmou Oliveira. Nestes centros, as pessoas serão encaminhadas aos diversos serviços – governamentais ou não -, que compõem a rede, em áreas como habitação, educação e saúde. Atualmente, um Centro Pop funciona no Largo de Roma, em Salvador. A unidade é administrada pelo município com apoio do Governo do Estado.