A redução dos casos de câncer de pulmão, tipo da doença que mais mata no mundo – após o tratamento, a sobrevida aos 5 anos é de 13% -, passa, necessariamente, pelo controle do tabagismo.

O alerta é do pneumologista Francisco Hora Fontes, do Programa de Prevenção do Controle do Tabagismo da Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Divep/Sesab), enfatizando que 90% dos casos da doença estão relacionados com o tabagismo.

O especialista falou nesta segunda-feira (21) durante a sessão científica promovida pela Divep, por meio da Coordenação de Agravos e Doenças não Transmissíveis, no auditório do Centro de Atenção à Saúde Jose Maria de Magalhães Netto (CAS).

Charuto e cachimbo

Francisco Fontes também apresentou dados sobre a relação de câncer do pulmão com o número de cigarros/dia: de 1 a 9, – 3.625%; de 10 a 19, -762%; de 20 a 39, – 1369%; de 40 a mais 1.7772%. Ele disse que, ao contrário do que muita gente pensa, o charuto e o cachimbo também são fatores de risco para câncer de pulmão e ainda apresentam maior risco para câncer de boca do que o cigarro.

Quem não fuma deve evitar o contato com a fumaça do cigarro, que contém 3 a 5 vezes mais nicotina, 8 a 10 vezes mais monóxido de carbono e 50 vezes mais substâncias cancerígenas. Crianças expostas à fumaça apresentam problemas respiratórios, como também ocorrem doenças agudas do ouvido médio.

Ele explicou que a mulher é mais vulnerável aos efeitos do cigarro que o homem, risco que aumenta após a menopausa, quando há mais complicações cardiovasculares, além de contribuir para o envelhecimento. Na gravidez, o fumo deve ser abolido completamente para evitar danos à saúde do bebê.

Avanço

O pneumologista explicou que o Brasil já avançou bastante no combate ao tabagismo, reduzindo o percentual de fumantes de 30% para 15% em uma década. É muito importante – prosseguiu – continuar buscando reduzir mais e mais porque o tabagismo está associado a vários outros tipos de câncer, como da boca, laringe, esôfago, bexiga. A Organização Mundial de Saúde (OMS ) quer reduzir em 30% a população fumante com mais de 15 anos. Francisco também defende campanhas educativas para a redução de consumo do álcool.

Obesidade

O tabagismo foi enfocado dentro do tema “Qualidade de Vida”, que ele apontou a obesidade como outro fator de risco para doenças, principalmente a hipertensão e o diabetes. Segundo ele, a obesidade no Brasil atinge 8,9% da população feminina e 13,1% da população masculina, enquanto o sobrepeso atinge 54% da população.

O problema é causado principalmente pelo erro alimentar e sedentarismo, além do ritmo da vida moderna, quando as pessoas se exercitam cada vez menos. A sessão científica foi aberta pela cardiologista Lucélia Magalhães, da Diretoria da Atenção Especializada (DAE) da Sesab, que falou sobre a Hipertensão Arterial na Mulher.