Restauração de uma casa em estilo barroco-colonial tombada pelo Ministério da Cultura (MinC) como patrimônio nacional desde 1943 e de um secular cine-teatro, além do início de pesquisas para proteção de 11 terreiros de Candomblé. Essas ações em Cachoeira, a 111 quilômetros de Salvador, no Recôncavo baiano, serão anunciadas pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), vinculado à Secretaria de Cultura (Secult), nesta segunda-feira (25), durante solenidade de transferência da sede governo estadual para o município, iniciando as comemorações pela Independência da Bahia (2 de Julho).

Nesse dia, o governador Jaques Wagner despacha na cidade, onde ocorrerá um mutirão de serviços públicos para a população. Antes, às 8h30, ele preside a cerimônia de transferência, que constará do hasteamento das bandeiras do Brasil, da Bahia e de Cachoeira, em frente à Câmara Municipal. Em seguida será celebrado o ‘Te Deum’, no Centro de Convenções do Convento do Carmo, e a apresentação da Camerata da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba).

Ao meio-dia o governador visita a Casa 25 da Rua Ana Nery, restaurada pelo Ipac, onde funcionará a sede administrativa do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB). Depois participa de sessão solene na Câmara, seguida do desfile cívico, às 15h, encerrando as comemorações ao 2 de Julho.

A transferência foi estabelecida pela Lei 10.695/07, aprovada pela Assembléia Legislativa e sancionada por Wagner, em comemoração ao 25 de Junho de 1822. Nessa data, os moradores de Cachoeira iniciaram as lutas pela Independência da Bahia, culminando com a batalha final, em 2 de julho de 1823, data magna do estado.

Restaurações

Segundo o diretor geral do Ipac, Frederico Mendonça, nesses cinco anos em que a sede do governo é transferida para Cachoeira o órgão coordenou todas as obras do Programa Monumenta do MinC na cidade, restaurando mais de 40 imóveis, igrejas, conventos, monumentos e a sede da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), dentre outras, já entregues pelo Governo do Estado.

Por meio do Monumenta foram investidos mais de R$ 40 milhões nas cidades de Cachoeira, São Félix e Lençóis, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), sempre com a contrapartida do Estado.

A casa da Rua Ana Nery, nº 25, restaurada pelo Ipac, está localizada na esquina com a Ladeira da Ajuda, área onde a cidade começou, bem próxima à Capela da Ajuda. É de propriedade da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira, tem 709,89 metros quadrados e é originária do século 18. Na restauração foram investidos R$ 1,9 milhão, entre recursos federal e estadual.

Cine-teatro

Recursos da ordem de R$ 4,3 milhões foram investidos no cine-teatro Glória de Cachoeira, um espaço de 680 metros quadrados. Como o prédio estava em ruínas, as obras possibilitaram criação de foyer, hall de circulação, sanitários, depósitos, subestação, três galerias, sala de projeção, camarins, entre outros itens.

Os equipamentos de projeção e funcionamento caberão à UFRB. Vários artistas brasileiros como Cauby Peixoto e Ângela Maria se apresentaram no local. Nas décadas de 1960 e 1970 aconteciam programas de calouros e matinées. Em meados de 1990 a prefeitura de Cachoeira fechou o local. Hoje a edificação pertence à União.

Pesquisas serão realizadas para proteger terreiros de Candomblé

Uma equipe multidisciplinar do Ipac realizará pesquisas sobre 11 terreiros de Candomblé em Cachoeira para protegê-los como patrimônios imateriais do Recôncavo. O registro, que só será decretado depois de finalizados os estudos, é possibilitado via Lei 8.895 regulamenta pelo Decreto 10.039, que institui normas de proteção e estímulo à preservação dos bens culturais intangíveis, por meio da inscrição no ‘Livro Especial dos Espaços destinados a Práticas Culturais Coletivas’.

Serão pesquisados os terreiros Aganjú (Ici Mimo), Viva Deus (Asepó Erán Olúwa), Lobanekum, Lobanekum Filha, Ogodô Dey, Ilê Axé Itayale, Humpane Ayono Huntólogi e Dendezeiro Incossi Mukumbi. Na mesma iniciativa, serão contemplados em São Félix, os terreiros da Cajá (Oió Oni Bece), Raiz de Ayrá e Ilê Axé Ogunjá.